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terça-feira, 13 de dezembro de 2011

A conversa noturna co Nicodemos V

Continuação
Deus nos deu Seu filho Unigénito para nos salvar
Jesus é paulatino no seu doutrinar. “Nemo summus fit repente”, diz um antigo provérbio latino: as grandes obras não se fazem repentinamente. Estava diante d’Ele um homem convicto de que só a Lei salva, e era preciso conduzi-lo a aceitar a verdadeira via da salvação: a fé em Jesus. Mais uma vez, transparece a delicadeza do Divino Mestre, preparando-o para o passo subsequente. Ele não fala de imediato em salvação, mas sim em “vida eterna”, tal como o fará mais tarde ao revelar o Sacramento da Eucaristia (6). E apesar disso, nessa outra ocasião, em face de verdade tão ousada, “muitos de seus discípulos (...) disseram: Dura é esta linguagem! Quem a pode ouvir?” (Jo 6, 60).
Porque Deus amou de tal modo o mundo, que lhe deu seu Filho Unigênito, para que todo aquele que crê n’Ele não pereça, mas tenha a vida eterna.
Belíssimo argumento para convencer um homem lógico e reto como Nicodemos. Já lhe havia revelado, Jesus, a existência de uma outra Pessoa em Deus, a do Espírito Santo (7). Agora, acentua o caráter sobrenatural e divino da Segunda, presente na expressão usada anteriormente, “o Filho do Homem”, referindo-se ao “filho Unigênito de Deus”. Maldonado tece belas considerações sobre este versículo, começando por ressaltar a força da afirmação empregada por Jesus para referir-se ao grande amor de Deus pelos homens. Ao usar o termo “mundo”, o Divino Mestre dilata os limites da aplicação desse amor muito além das fronteiras do povo judeu, “com o qual pelo menos tinha uma como que obrigação por razão da aliança” (8).
De fato, esse amor de Deus por nós não poderia ser maior. Se Ele nos tivesse dado todos os Anjos somados ao universo inteiro, nada seria em comparação com o que na realidade nos entregou. O Pai bem sabia que, ao nos dar seu Filho Unigênito, oferecia-nos o Céu e a própria participação em sua vida divina (9), pois Jesus é um Herdeiro extremamente dadivoso. Maior manifestação de bondade é impossível! Atesta-o maravilhosamente São Paulo no primeiro capítulo de sua Epístola aos Hebreus.
Esse insuperável obséquio não é feito aos Anjos, mas à humanidade, aos filhos de pais prevaricadores (Adão e Eva), e eles mesmos também manchados de incontáveis culpas. Aos espíritos rebeldes, precipitou-os nas profundezas dos infernos depois do primeiro e único pecado. Que fator levou o Pai a usar de tanta misericórdia para conosco? Em lugar de merecidos castigos, deu-nos seu Filho Unigênito, sacrificando-O — para nos salvar — na ignominiosa morte de cruz.
Ademais, o Pai não no-Lo deu em parte, mas, muito pelo contrário, por inteiro e sem reserva. As graças de Jesus, seus méritos, seu corpo, sangue, alma e divindade, todo Ele inteiro é nosso. Ele é nosso Rei, nossa Cabeça, nosso modelo, nosso mestre, nossa causa.
Qual o objetivo de Deus ao nos dar esse infinito dom?
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