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quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Continuação Evangelho 6 º Domingo Comum ( Cura do Leproso)

Ternura, bondade e compaixão do Divino Médico
“E Jesus, compadecido dele, estendeu a mão, e, tocando-o, disse-lhe: ‘Quero; sê limpo’. E, tendo dito estas palavras, imediatamente desapareceu dele a lepra, e ficou limpo”.
A reação de Jesus não foi de estranheza, menos ainda de desprezo ou de horror, mas sim de compaixão. Assim Se manifesta Seu Sagrado Coração quando Lhe apresentamos, com humildade e verdadeiro arrependimento, nossas misérias.
E ainda mais patente se torna Sua ternura e bondade para com o leproso, ao tocá-lo. “Por que o Senhor o tocou, quando a Lei proibia tocar os leprosos?” — pergunta Orígenes. E dá a resposta: “Tocou-o para mostrar que ‘todas as coisas são limpas para o limpo’ (Tt 1, 15), já que a sujeira de uns não adere a outros, nem a imundície alheia mancha os imaculados. Tocou-o, ademais, para demonstrar humildade, para ensinar-nos a não desprezar ninguém por motivo das feridas ou manchas do corpo, que são uma imitação do Senhor e foi por isso que Ele mesmo o fez. [...] Ao estender a mão para tocá-lo, a lepra desapareceu; a mão do Senhor não encontrou a lepra, mas tocou um corpo já curado. Consideremos nós agora, queridíssimos irmãos, que não se encontre em nossa alma a lepra de nenhum pecado; que não retenhamos em nosso coração nenhuma contaminação de culpa; e se a tivermos, adoremos imediatamente o Senhor e Lhe digamos: ‘Se queres, podes limpar-me’”.6
Na mesma linha, comenta São João Crisóstomo: “E o Senhor não Se contentou em dizer: ‘Quero, sê limpo’, mas estendeu sua mão e tocou o leproso. Isto é muito digno de consideração. Com efeito, podendo limpá-lo com sua simples vontade e palavra, por que acrescenta o contato com a mão? Na minha opinião, somente porque quis mostrar também aqui que ele não estava sujeito à Lei, e que doravante, ‘para o limpo tudo haveria de ser limpo’ (Tt 1, 15) [...] Jesus dá a entender que Ele não cura como servo, mas como Senhor, e não vê inconveniente em tocar o leproso. Pois não foi sua mão que se manchou com a lepra, mas o corpo do leproso que ficou limpo ao contato com a mão divina”.7
Torna-se claro, por este versículo, como da parte de Jesus está sempre a onipotência divina desejosa de salvar-nos, desde que não coloquemos obstáculo. Por isso se, opondo-Lhe resistência, não nos aproveitamos das liberais disposições de nosso Redentor para nos curar de nossa “lepra” e nos santificar, seremos nós, e unicamente nós, os culpados.
O caráter instantâneo da cura demonstra o poder absoluto de Sua vontade e nos leva a supor que o ex-leproso ficou mais belo em seu aspecto geral do que antes de ter contraído a enfermidade. Esse acontecimento nos enche de confiança, pois também nós podemos obter a cura de nosso orgulho e de tantos outros defeitos, se com ardor, humildade e perseverança formos ao encontro de Nosso Senhor Jesus Cristo, implorando-Lhe que de nós se compadeça.
Por isso, jamais devemos nos desesperar da cura de nossas misérias espirituais, por piores que estas possam ser. Nunca poderão elas ultrapassar o infinito poder de Deus, para Quem sempre bastará um simples ato de vontade. E, quanto mais insolúveis pareçam ser nossas crises, mais rutilante será a glória do Divino Médico. Se a Ele recorrermos, encontraremos ternura, bondade e compaixão.

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