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quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

O bom porto da eternidade

“Sou demasiadamente grande, e meu destino por demais nobre, para que eu me torne escravo de meus sentidos” 12. Esta foi a conclusão à qual chegou Sêneca por mera elaboração filosófica, sem ter a menor revelação de algo análogo à Transfiguração do Senhor. No Tabor, Jesus Cristo vai muitíssimo além: em Sua divina didática, faz-nos conhecer uma parcela de Sua glória nos reflexos da claridade própria a Seu corpo após a Ressurreição. Pálida exemplificação do que veremos no Céu, como fruto dos méritos de Sua Paixão, dos fulgores de Sua visão beatífica e da união hipostática. Como objetivo imediato, quis Ele fortalecer seus discípulos para assumirem com heroísmo as tristes provações de Sua Paixão e Morte, à margem da manifestação de Sua divindade. Porém, não era alheio aos Seus divinos desígnios, deixar consignado para a História quais são as verdadeiras e reais alegrias reservadas aos justos post mortem.

Em contrapartida, o demônio, o mundo e o pecado nos prometem contentamentos com ares de absoluto. Entretanto, sua fruição é quase sempre fugaz e seguida de amargas frustrações; além do mais, ao término desta vida seremos lançados no fogo eterno como castigo, se não tiver havido de nossa parte um verdadeiro arrependimento, propósito de emenda e a obtenção do perdão de Deus.

No Tabor a voz do Pai proclama: “ouvi-O”. Esta recomendação se dirige sobretudo a nós, batizados, pois somos filhos adotivos de Deus e, portanto, já passamos por uma imensa transformação quando ascendemos à ordem sobrenatural, deixando de ser exclusivamente puras criaturas. Porém, quando penetrarmos na ordem da glória, outra transformação se dará, pois seremos como Ele o é agora. Para lá chegarmos, convida-nos Jesus a iniciarmos pelas agruras dos primeiros passos no caminho da virtude, sustentados logo depois por muita paz de alma e, por fim, sermos nós mesmos transfigurados no alto do Tabor eterno.

O Céu, por si só, é uma enorme manifestação da bondade de Deus, um riquíssimo tesouro de felicidade que Ele nos promete e um poderoso estímulo para aceitarmos com amor as cruzes durante nossa existência terrena. Confiemos nessa promessa com base nas garantias da Transfiguração do Senhor e peçamos à Mãe da Divina Graça que bondosamente nos auxilie com os meios sobrenaturais a chegarmos incólumes, decididos e seguros ao bom porto da eternidade: o Céu.

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