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quarta-feira, 21 de março de 2012

5 Domingo da Quaresma

O sinal esperado por Nosso Senhor
“Respondeu-lhes Jesus: É chegada a hora para o Filho do Homem ser glorificado” (Jo 12, 23).
Ao longo do Evangelho, várias vezes a natureza humana de Nosso Senhor aparece com maior intensidade, enquanto noutras ocasiões refulge sua divindade. No presente episódio, Ele reage como homem àquele pedido dos gregos, com o qual ficou profundamente impressionado. Por quê? Porque estava à espera de um sinal claro de que sua hora estava chegando. A aproximação desses gentios — conforme comenta Santo Agostinho — era esse sinal, pois dava a entender que povos de todas as nações haveriam de crer n’Ele depois de sua Paixão e Ressurreição. Indício, portanto, do caráter universal de sua pregação e missão, e da aproximação da hora em que seria glorificado.
Vinham, assim, mesclados, o presságio da glorificação e o dos horríveis tormentos pelos quais Ele haveria de passar: “E quando eu for levantado da terra” — dirá Ele pouco mais adiante — “atrairei todos os homens a mim. Dizia, porém, isto, significando de que morte havia de morrer” (Jo 12, 32-33). O enfoque dado por Jesus à sua morte é, pois, de triunfo, de glorificação. Procuremos aprofundar este ponto.
Aproxima-se a hora da glorificação
Sabemos que a humildade é uma alta virtude, cuja prática é imposta a todos pelo Divino Mestre: “Todo aquele que se exaltar será humilhado, e todo aquele que se humilhar será exaltado” (Lc 14,11). E Nossa Senhora cantou no Magnificat: “Manifestou o poder do seu braço: desconcertou os corações dos soberbos. Derrubou do trono os poderosos e exaltou os humildes” (Lc 1, 51-52).
A condenação dos orgulhosos encontra-se praticamente do início ao fim da Sagrada Escritura, na mesma linguagem contundente destes dois trechos.
Entretanto, vemos agora nosso Redentor afirmar: “É chegada a hora para o Filho do Homem ser glorificado”. Já anteriormente Jesus havia dito: “Não busco a minha glória. Há quem a busque e Ele fará justiça” (Jo 8, 50). E mais próximo à Paixão, “Jesus afirmou essas coisas e depois, levantando os olhos ao céu, disse: Pai, é chegada a hora. Glorifica teu Filho, para que teu Filho glorifique a ti; (...) Agora, pois, Pai, glorifica-me junto de ti, concedendo-me a glória que tive junto de ti, antes que o mundo fosse criado” (Jo 17, 1 e 5).
Como explicar essa aparente contradição?
Na verdade, existe uma glória verdadeira ao lado da glória vã. Assim, Jesus não procura sua própria glória, mas não deixa de afirmar a máxima excelência de sua natureza divina e de manifestá-la aos outros, sempre que as circunstâncias o exijam. Há, então, uma exaltação e uma glória que são boas. Como se distinguem da vanglória? Com sua consagrada clareza, São Tomás de Aquino elucida esse problema na Suma Teológica.
Continua

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