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segunda-feira, 12 de março de 2012

O Templo de Jerusalém

O Pátio dos Gentios

O conjunto de todos os edifícios que constituíam o Templo formava um quadrilátero de seus quinhentos côvados1 em cada lado, protegido por muralhas. Nele se entrava através de oito enormes portas guarnecidas por torres de defesa. Havia em seu interior três pátios especialmente santos: o dos sacerdotes, onde se encontrava o naos, uma construção também quadrada, em mármore branco revestido de ouro, localizada no ângulo noroeste; mais ao oriente, o pátio dos homens e, em seguida, o das mulheres.
Rodeando esses três pátios, havia um grande espaço delimitado por colunas, denominado Pátio dos Gentios, ou dos Pagãos, a única parte franqueada aos não judeus. Era ali que, por um consentimento tácito das autoridades do Templo, tinham-se instalado bancas de câmbio e um verdadeiro mercado.

Em contraste com os outros três, que eram considerados sagrados, este último pátio assumiu o carácter de uma espécie de bazar oriental. Nele se encontravam à venda sal, azeite, vinho, pombas — que as mulheres ofereciam para purificar- se —, ovelhas e até mesmo bezerros para os sacrifícios de maior porte. Trocavam-se também as moedas estrangeiras — gregas, ou romanas, por exemplo — pela sagrada, com a qual se pagava o imposto fixado pelo Senhor para a manutenção do Templo (cf. Ex 30, 13-16).

Acresce-se a isso que o Pátio dos Gentios facilitava o acesso aos demais, pois quem não o utilizava como atalho, via-se na contingência de dar a volta na esquina do Templo. Assim, um espaço que deveria ter certo ar de sagrado, transformou-se num dissipado e agitado “covil de ladrões”.

O Templo era o ponto de referência mais denso de simbolismo religioso, e até mesmo nacional, de Israel. Não havia em toda a nação algo mais santo. Aquele local fora escolhido pelo próprio Deus para conviver com o Povo Eleito. Por essas e outras razões, nenhum judeu se consolaria caso visse chegar a hora de sua morte sem ter passado por seus pórticos, corredores e edifícios para rezar e oferecer sacrifícios. E ainda nos dias atuais, o grande sonho dos israelitas consiste em poder se encontrar diante daquelas ruínas para tocá-las, osculá-las, e banhá-las com suas lágrimas e, por esse meio, robustecer suas esperanças.

Cruzando o limiar de uma das oito portas exteriores, penetrava-se no imenso Pátio dos Gentios, aberto a todos: judeus ou pagãos, ortodoxos ou hereges, purificados ou impuros. A partir dele, para ingressar no pátio exclusivo dos judeus, havia treze portas e diante de cada uma delas uma coluna com inscrições, proibindo, sob pena de morte, o acesso a pessoas indignas.

É nesses pátios que muitas das cenas da vida pública de Nosso Senhor se passaram. 

1 Cerca de 250 metros.

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