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terça-feira, 27 de março de 2012

Também nós devemos estar dispostos a fazer o papel de servo

 “Jesus sabia quem O ia entregar; por isso disse: ‘Nem todos estais limpos’”.

Está claramente afirmado neste versículo que todos, menos um, estavam na graça de Deus. Um ali era traidor, mas, mesmo a este, Jesus estava disposto a perdoar! Daí esta insinuação, que era, como bem a propósito sublinha o padre Truyols, “uma delicada alusão a Judas, um último convite do Bom Pastor à ovelha desgarrada”. Se, naquele momento, ele tivesse tido pelo menos um movimento de alma de arrependimento, e pedido interiormente perdão, sua história teria sido outra. “Como, porém, estava já muito endurecido no mal, permaneceu insensível à advertência”, observa Fillion.

Desde toda a eternidade tinha visto Nosso Senhor essa recusa de Judas, e naquele momento estava comprovando-a enquanto homem. Pelo discernimento dos espíritos, que possuía em sumo grau, penetrava na alma do traidor e via aquela determinação horrorosa. Apesar disso, ajoelhou-Se diante dele e lavou-lhe os pés.

Jesus nos deu essa lição para compreendermos quanto Ele nos ama e até que ponto deseja perdoar a todos e a cada um. Mas também para nos ensinar a suportar todas as misérias, dificuldades e contratempos causados pelo convívio humano. Comenta, com muito senso psicológico, São Bernardo: “Vós talvez enrubesceríeis por imitar a humildade de um homem; imitai pelo menos a humildade de um Deus, pois aqui está o que torna a humildade tão recomendável”.

Por mais que possamos encontrar dificuldades temperamentais ou inconveniências no relacionamento com os outros, devemos imitar Jesus, tratando cada um de nossos irmãos como Ele tratou Judas no lava-pés.

As relações humanas podem ser, no princípio, repletas de alegria e de suavidade, mas logo depois costumam aparecer os percalços, as rusgas, as dificuldades. São as contingências deste vale de lágrimas. Nesses momentos, devemos lembrar-nos da Santa Ceia, estando dispostos a fazer o papel de servo uns em relação aos outros, a perdoar o irmão a ponto de esquecer qualquer desgosto que nos tenha dado; em suma, a estimá-lo como se víssemos nele a própria figura de Jesus.

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