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segunda-feira, 11 de junho de 2012

Evangelho 11º Domingo do Tempo Comum ano B

O Evangelho será comentado em vários posts


Não passa de pálido símbolo da íntima, enérgica e perseverante ação do Espírito Santo sobre os fiéis, o dinamismo existente numa semente. Em consequência, a força triunfante daquela que foi chamada a ser o Reino de Deus — a Santa Igreja — deverá em certo momento conquistar o mundo inteiro.
O Mestre por excelência
Ninguém jamais falou como este homem” (Jo 7, 46) — foi a resposta dos guardas aos sinedritas, quando estes, após tê-los enviado para prender Jesus, os interrogaram: “Por que não O trouxestes?” (Jo 7, 45). De fato, que mestre houve na História à altura do único e verdadeiro Mestre? Se Nosso Senhor é o Bem, a Verdade e a Beleza absolutas, por que não deveria ser também a Didática em essência? Não podemos nos esquecer que Ele é Deus, enquanto segunda Pessoa da Santíssima Trindade, e, portanto, Sua didática só pode ser também substancial.
Ademais, a alma de Jesus foi criada na visão beatífica, e possuía, pois, o conhecimento conferido àqueles que contemplam toda a ordem da criação no próprio Deus. Se isso não bastasse, lembremo-nos de que a Ele foi concedida também a ciência infusa no seu mais elevado grau; e, acrescentado a essas insuperáveis maravilhas, havia também o conhecimento experimental. Ora, esses tesouros todos fazem, de Quem os possui, o Mestre por excelência. Assim, Cristo Nosso Senhor ensinava a verdade como ninguém e com eminentes qualidades pedagógicas que pessoa alguma teve desde Adão, nem terá até o fim do mundo.
Daí o fato de os próprios soldados que foram prendê-Lo, por ordem do Sinédrio, verem-se num complexo dilema: ou desobedeciam às ordens recebidas, ou eram obrigados a agir contra a própria consciência. Tal era a grandeza manifestada por Nosso Senhor Jesus Cristo no Seu ensinamento, que os soldados foram constrangidos a optar pelo risco de perder o cargo e de até mesmo serem lançados na prisão.
Essa era a luz que se irradiava a partir das pregações do Divino Mestre, abarcando inclusive aqueles que estavam a serviço do mal naquela circunstância.
Simplicidade e eficácia do método
À margem de qualquer outro motivo, devemos afirmar que Jesus, por ser o melhor de todos os mestres, só poderia ter optado pelo mais eficiente dos meios de ensino. E, por incrível que possa parecer, esse Mestre elegeu para nos instruir talvez o mais simples dos métodos, isento de gongorismos e de exageros. Nada de floreios, nem sinuosidades, nem desnecessárias hipérboles. Desprovido dos desequilíbrios de retóricas mal-concebidas, esse seu método redundava nas mais claras e benéficas explicações.
Apesar de Jesus basear-Se nos fatos comuns e correntes da vida de então, eles nunca perdem sua atualidade, e assim permanecerão até o fim dos tempos, pois em Suas palavras se realiza o “Veritas Domini manet in æternum — A verdade do Senhor permanece eternamente” (Sl 116, 2). A Verdade por Cristo ensinada era Ele próprio e, portanto, eterna. Não só no que diz respeito à sua origem, mas também quanto à sua projeção no tempo, pelos séculos dos séculos.
Ademais, as metáforas empregadas pelo Divino Mestre são úteis como elementos históricos para elaborar uma reconstrução de como era vida daqueles tempos.
Um tema fundamental: o Reino de Deus
A preocupação de Nosso Senhor Jesus Cristo não estava centrada em formar grandes literatos, nem gênios em matéria de ciência, nem mesmo artistas excepcionais. Seu essencial empenho era deixar bem clara a doutrina que fundamentava o Reino de Deus, o qual, na sua essência, é constituído pela própria Igreja Católica e Apostólica; um Reino militante aqui na terra, unido a um Reino padecente e a outro riquíssimo e triunfal.
As parábolas de Nosso Senhor Jesus Cristo tinham, pois, um objetivo primordial, além de outros secundários. Todas elas, praticamente, giravam em torno de um tema fundamental: o Reino de Deus. Isso mesmo afirma o Papa Bento XVI: “O tema central do Evangelho é: ‘o Reino de Deus está próximo’. [...] Este anúncio representa, de fato, o centro da palavra e da atividade de Jesus”.1
A Igreja se identifica com o Reino de Deus
É comum e corrente entre os comentaristas e estudiosos considerar-se o fenômeno que se verifica com os fundadores: se, após sua morte, a obra se mantiver tal qual esteve durante a vida deles, ou tiver um desenvolvimento ainda maior, isto é um sinal muito significativo da existência de um autêntico sopro do Espírito Santo sobre sua pessoa e sua atuação. Tratar-se-á, neste caso, de um manifesto desejo da Providência Divina, de promover a fixação e expansão daquela obra.
Ora, nenhuma instituição teve tanto sucesso ao longo dos milênios, e mais ainda terá de futuro, como a Igreja Católica Apostólica e Romana. Haverá na ordem da criação algo que possa servir de perfeita analogia a esse grandioso fenômeno? Para isso, será insuficiente a vitalidade contida na semente e no grão de mostarda, objetos da pregação do Senhor recolhida pelo Evangelho deste domingo. E mais insuficiente será se considerarmos os triunfos que a Santa Igreja deverá obter até o dia do Juízo Final.
Jamais se poderá comparar o potencial dinamismo que existe numa semente — a não ser como um pálido símbolo da realidade — com a íntima, enérgica e perseverante ação do Espírito Santo sobre os fiéis. Não há obstáculo que impeça a força triunfante da Igreja, pois ela se identifica com o Reino de Deus e por isso deverá em certo momento conquistar o mundo inteiro.
Este fato já foi registrado em certos períodos da História, mas muito mais o será quando for da vontade de Deus que todos conheçam o esplendor da realização das palavras de Nosso Senhor Jesus Cristo: “As portas do inferno não prevalecerão contra ela” (Mt 16, 18). Uma vez mais, reconhecer-se-á nessa ocasião o quanto é patente a divindade de seu Fundador.
Continua...

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