-->

sábado, 16 de junho de 2012

Evangelho 11º Domingo do Tempo Comum ano B

Conclusão


“Esforçai-vos por alcançar as coisas do alto”
Era por meio de numerosas parábolas desse gênero que Ele lhes anunciava a palavra, conforme eram capazes de compreender. E não lhes falava, a não ser em parábolas; a sós, porém, explicava tudo a Seus discípulos”.
Deus respeita o que criou; assim, tendo dado ao homem a liberdade, não a tolhe, impondo-lhe seus desígnios. Muito pelo contrário, sempre lhe permite aderir ao bem, sem coagi-lo em nada. Claro está que, rejeitando o homem as vias do bem e optando pelas do mal, perde a sua liberdade. Procede Deus desta maneira para ser possível premiá-lo com seus dons e benefícios.
Esta é umas das razões essenciais que levaram Nosso Senhor Jesus Cristo a ensinar através de parábolas, em vez de usar uma linguagem direta e coercitiva. Em face da parábola, facilmente alguém poderá dar uma interpretação diferente da real, e com isso não se tornar tão condenável quanto seria se rejeitasse de maneira categórica um convite de Deus. A parábola é o melhor dos meios para permitir o uso meritório da liberdade que Ele concedeu ao homem.
Por isso Nosso Senhor falava a todos através de metáforas, e na intimidade auxiliava a inteligência dos Apóstolos, explicando-lhes o significado mais profundo de tudo quanto dissera. Assim os Apóstolos, robustecidos pela graça por Ele criada e infundida no fundo de suas almas, viam-se com mais possibilidades de aderir virtuosamente a todos os convites que Cristo fazia de forma muito genérica e insinuada à opinião pública que O ouvia.
Quem, analisando essas duas parábolas debaixo do ponto de vista meramente humano, não subisse até o significado mais alto delas, circunscreveria sua capacidade de relacionar-se com Deus e estaria mais preocupado com as coisas “daqui de baixo” e não com as “de lá de cima” (Jo 8, 23). Estaria, portanto, fora do conselho que nos dá São Paulo: “Se ressuscitastes com Cristo, esforçai-vos por alcançar as coisas do alto, onde está Cristo, sentado à direita de Deus; aspirai às coisas celestes, e não às coisas terrestres” (Cl 3, 1-2).
Muitas vezes, contemplar um belo edifício projetado nas plácidas águas de um lago poderá encantar a quem nele fixe sua atenção. Mas esse deslumbramento tem seu fundamento no fato de a figura ser reflexo de algo real; se, por absurdo, houvesse apenas a sua projeção, o encanto não existiria, pois o homem teria a noção clara de que, movendo as águas, aquela beleza se esvaneceria. Entretanto, em se tratando de uma realidade espelhada nas águas, podem estas ser movidas sem que nada sofra o original ali projetado, pois o edifício continuaria a existir inalterado.
Esse é bem o papel dos símbolos dos quais Jesus lança mão para instruir seus ouvintes, quer seja o das sementes, ou o do plantador. Por mais que deixassem de existir, Seu Criador é eterno, e nada poderá modificá-Lo. Daí que nada pode nos ser mais benéfico na contemplação desses belos reflexos, do que elevarmos nosso olhar Àquele que é a causa eficiente, formal e final de todo o Universo.

Nenhum comentário: