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quinta-feira, 21 de junho de 2012

Evangelho Solenidade de São João Batista (Lc 1, 57-66.80)

Continuação


Educado pelo Espírito Santo
Seu crescimento e educação se deram em meio a uma atmosfera feita de contemplação, penitência e contínua oração. Deus foi seu mestre, a ascese sua companhia, e sua via a santidade, daí o fortalecimento de seu espírito (cf. Lc 1, 80). Deduz-se de seu modo de ser e agir o quanto ele foi cheio do Espírito Santo “desde o seio de sua mãe” (Lc 1, 25) e quão grande sua docilidade em seguir seus ensinamentos.
“Mais que um profeta”
Quando chegou o momento de realizar sua missão pública, apresentou-se revestido de trajes inteiramente fora dos costumes da época: “um vestido feito de peles de camelo e um cinto de couro em volta dos rins”, e sua alimentação não passava de “gafanhotos e mel silvestre” (Mt 3, 4). Assumiu o papel de profeta sem o declarar abertamente, mas, aqui também, suas características o colocam acima de todos os que o antecederam, ele foi “mais que um profeta” (Mt 11, 9). Por isso São Roberto Belarmino, em um de seus sermões, comenta o quanto foi glorioso para São João o ter apontado para um Messias de aparências tão humildes e, apesar disso, ter tido a ousadia de chamá-Lo de “Cordeiro de Deus” (Jo 1, 29), de “Filho de Deus” (Jo 1, 34); e ademais, devido à sua imediata proximidade com o Salvador, recebeu a maior das clarividências sobre Ele. Nenhum profeta anterior gozou de tão alto discernimento. Todos anunciavam um futuro, enquanto João apontava o Salvador em sua presença. Por sua conduta, chegou a impor respeito até em Herodes (cf. Mc 4, 20), medo nos fariseus (cf. Mt 14, 5), e obteve altíssimos elogios dos divinos lábios de Jesus (cf. Mt 11, 11), tendo sido classificado como o maior homem aparecido até então. Sua fama se espalhou de tal forma que pessoas de toda a Judéia e os habitantes de Jerusalém procuravam João (cf. Mc 1, 5) para receber o batismo, entre eles o próprio Jesus Cristo (cf. Mc 1, 9-11; Mt 3, 16-17; Lc 3, 21-22; Jo 1, 31-34). As multidões, publicanos e soldados, lhe perguntavam: “Mestre, que devemos fazer?” (Lc 3, 10-14).
Sua alma jamais experimentou a soberba
Se prestarmos uma atenção mais acurada nessa grandeza de São João, veremos o quanto ela não tinha notas humanas nem sócio-políticas, tão do anseio do povo eleito, naquelas circunstâncias históricas. Ele era um grande homem, o maior, mas no campo sobrenatural e por ação da graça. E era justamente por obra desta que defluíam sua despretensão, humildade e desprendimento. Sua alma jamais experimentou a soberba, a vanglória ou a ambição, vícios tão universais e companheiros de todas as classes, idades e funções. São paixões que despontam com o uso da razão ou, talvez, até a antecedam; elas promovem o quase irrefreável anseio de ser conhecido, elogiado e amado. Freqüentemente tisnam a inocência primeva e empanam a candura das crianças. “A soberba (...) busca a excelência de forma desordenada, ao passo que a vanglória almeja a manifestação da excelência” (4). A soberba “apresenta certa generalidade, porque dela podem surgir todos os pecados (...) pela soberba, o homem despreza a Lei divina que proíbe pecar, segundo se lê em Jeremias: ‘Há muito quebraste teu jugo, rompeste teus laços, dizendo: não vou servir a ninguém’” (5).


Continua no próximo post

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