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domingo, 24 de junho de 2012

Evangelho Solenidade de São João Batista (Lc 1, 57-66.80)

Final

O deserto, imagem das almas sem honra

A essa embaixada enviada pelo Sinédrio e constituída de fariseus (cf. Jo 1, 19-28), ele declarou ser a voz que clamava no deserto; imagem robusta para simbolizar o vazio das almas sem honra, a inconsistência de areia dos vícios, o fervilhar das paixões. Aqueles terrenos estéreis deveriam tornar-se sólidos e férteis para receber o Messias. Os males que haviam entibiado a todos encontravam-se condensados numa fonte que foi denunciada pelo próprio Precursor: “Raça de víboras, quem vos ensinou a fugir da cólera vindoura? (...) Não digais dentro de vós: Nós temos Abraão por pai!” (Mt 3, 7.9). E mais tarde o Salvador lhes dirá: “Como podeis crer, vós que recebeis a glória uns dos outros, e não buscais a glória que é só de Deus?” (Jo 5, 44). Por aí se vê o perfeito imbricamento entre as missões do Precursor e do Emanuel, “aquele que anuncia” e o “Deus entre nós”. Ambos quiseram conferir-nos a verdadeira honra para tornar autêntica a nossa glória.

O deserto de nossa época

Essa pregação de João nos vale até hoje e permanecerá indispensável até a consumação dos séculos, dado o orgulho que herdamos desde nossa saída do Paraíso. Vício que nos segue a cada passo até a hora de nossa morte. E se João retornasse nos dias de hoje, apareceria ele como uma voz que clama no deserto? Basta lançar um olhar atento sobre a aridez de nossa atual humanidade que, depois de perder a noção de pecado, não mais levanta os olhos a Deus e não se cansa de aplicar todos os esforços para ressecar na fonte o orvalho da graça que nos cai do Céu. Resta-nos implorar que, como há dois milênios, novamente as preces da Virgem de Nazaré façam chover o Justo sobre este terrível deserto em que na atualidade existimos e nos movemos. 

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