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quarta-feira, 11 de julho de 2012

Evangelho 15º Domingo Tempo Comum - ano B

7 “Então chamou os Doze...”.
Em tudo quanto fazia Nosso Senhor, encontramos princípios de altíssima sabedoria, pois Seus atos eram realizados com divina perfeição. Podemos, pois, perguntar-nos por que terá Ele escolhido doze Apóstolos, e não um outro número qualquer, de acordo com as necessidades concretas do momento. Em seus comentários ao Evangelho de São Mateus, São Tomás de Aquino dá uma razão: “Por que doze? Para mostrar a conformidade entre o Antigo e o Novo Testamento: assim como no Antigo houve doze Patriarcas, no Novo são doze” Apóstolos.1
Em seguida, muito ao gosto dos medievais, o Doutor Angélico discorre sobre a simbologia dos números e apresenta outro motivo: “Era também para indicar a perfeição, porque o número doze resulta de duas vezes seis. Com efeito, seis é um número perfeito, já que se compõe de todas as suas partes: ele vem de um, de dois ou de três, e essas partes, somadas umas às outras, dão seis. Assim, o Senhor escolheu doze para indicar a perfeição. ‘Sede perfeitos como vosso Pai é perfeito’” (Mt 5, 48). 2
“...e começou a enviá-los, dois a dois”;
O fato de enviar os Apóstolos dois a dois obedece a um princípio de prudência. Dada a natureza sociável do homem, a companhia de um irmão serve-lhe de valioso apoio psicológico, tanto nas dificuldades concretas da vida como nas provações espirituais, tornando mais suportável o peso a carregar.
Assim, com solicitude divina, Nosso Senhor já lhes ensinava uma norma de conduta que favorecia a prática da virtude da perseverança e seria seguida por tantos religiosos, ao longo dos séculos. Essa norma favorece também as virtudes da vigilância e da humildade, pois quem aceita a companhia de um irmão e sujeita-se a ser vigiado por ele, reconhece implicitamente a própria debilidade. A esse, terá o demônio mais dificuldades para vencê-lo com suas insídias; e o mundo, menos poder para o envolver com suas seduções.
Quantas pessoas, lançando-se empenhadamente nas lides do apostolado, prevaricaram ao longo do caminho, por confiarem nas suas próprias forças e se aventurarem sozinhas! Acabaram por ser, tristemente, seduzidas pelas ilusões do mundo... A companhia de um irmão é sempre um anteparo para um sem-número de tentações e de seduções, as quais, hoje mais do que nunca, podem se apresentar até nos recintos mais sagrados, como também na tranquilidade da própria morada, durante uma “navegação” imprudente pelos vastos e perigosos espaços virtuais da internet...
Há dois mil anos, não havia os riscos morais de nossa época. Mesmo assim, Nosso Senhor enviou seus Apóstolos dois a dois, para se entre-ajudarem e sustentarem mutuamente na Fé, quando surgissem dificuldades: “Eu vos envio como ovelhas para o meio de lobos” (Mt 10, 16).
Também o padre Manuel de Tuya assinala que o fato de partirem os Apóstolos em duplas lhes possibilitava “ajudarem-se e vigiarem-se” uns aos outros, e acrescenta que, além disso, conferia autenticidade às suas palavras, pois, afirma, “ninguém podia suspeitar daquele que tinha uma testemunha”.3
O abade Duquesne aduz outras razões, não menos importantes: “Com isso, queria certamente Jesus indicar também a união que deve reinar entre Seus ministros e Seus verdadeiros discípulos”. 4 E conclui o comentário com um sábio conselho: “É máxima de prudência procurar, sempre que possível, esse auxílio que Jesus Cristo estabeleceu, santificou e ofereceu a Seus Apóstolos”.5
Também a Sabedoria nos fala no mesmo sentido: “Dois homens juntos são mais felizes que um isolado, porque obterão um bom salário de seu trabalho. Se um vem a cair, o outro o levanta. Mas ai do homem solitário: se ele cair, não haverá ninguém para levantá-lo” (Ecl 4, 9-10).
Continua no próximo post

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