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sábado, 28 de julho de 2012

Evangelho 17º domingo do Tempo Comum ano B (Jo 6, 1-15)

APLICAÇÃO
“Nada de grandioso se faz repentinamente”, diz um provérbio latino. O mais excelso de todos os sacramentos, a Eucaristia, deveria ser precedido por belas pré-figuras, numa longa preparação da humanidade através dos séculos. No Antigo Testamento, uma das mais expressivas foi o maná caído do céu para os hebreus, durante os quarenta anos de travessia do deserto, em busca da Terra da Promissão.
No Evangelho de hoje, vemos o Divino Mestre multiplicar os pães para tornar patente seu império sobre esse alimento. Logo a seguir, Ele andará sobre as águas num mar encapelado (11), com o intuito de deixar evidente o quanto dominava seu próprio corpo. Assim, as premissas para a instituição da Eucaristia iam se fixando nos que o seguiam, sobretudo nas almas dos Apóstolos.
Por outro lado, o rico sabor e a alta qualidade dos pães e peixes distribuídos por Jesus, deixaram a multidão ansiosa por comê-los novamente (12). E quando Jesus disse aos que foram beneficiados pelo milagre: “Moisés não vos deu o pão do Céu (...) o pão que desce do Céu e dá vida ao mundo”, eles logo Lhe pediram: “Senhor, dá-nos sempre deste pão!” (13).
É insuperável a didática de Jesus ao iluminar assim a inteligência de seus discípulos, tocar seus corações e mover suas vontades rumo a um ardente desejo da Eucaristia. Método perfeito, tal qual o recomenda São Tomás de Aquino (14).
Após isso, com soberana autoridade e divina unção, Ele declara: “Eu sou o Pão da Vida. Vossos pais comeram o maná no deserto e morreram. Este é o Pão que desceu do Céu para que aquele que dele comer, não morra. Eu sou o Pão Vivo descido do Céu. Quem comer deste Pão viverá eternamente; e o Pão que eu darei é a minha carne para a salvação do mundo” (15).
Quem mais poderia unir a autoridade grandiosa à total simplicidade? Com muita propriedade, assim se expressa Bossuet sobre este aspecto de Jesus: “Quem não admiraria a condescendência com que tempera a elevação de sua doutrina? É leite para os meninos e, ao mesmo tempo, pão para os fortes. Vemo-Lo cheio dos mistérios de Deus, mas se percebe que não está possuído como os outros mortais aos quais Deus se comunica: fala disso naturalmente, como tendo nascido nesse segredo e nessa glória; e o que Ele tem sem medida (Jo III, 34), Ele o dá com medida, a fim de que nossa debilidade possa suportá-lo” (16).
Por isso, importa convencermo-nos em nos deixar conduzir pelos ensinamentos de Jesus, pois não quer Ele senão a nossa felicidade eterna e com prodigalidade: “Eu vim para que tenham vida, e a tenham abundante.” (17) !
1) Mc 6, 30. 2) Mc 6, 31. 3) Mc 6, 33. 4) Jo 3, 1-21. 5) Jo 4, 7-42. 6) Jo 1, 35-51. 7) Jo, 13. 8) Vide 1ª leitura deste domingo (2Rs 4, 42-44). 9) Jo 6, 26 e seguintes. 10) Vida de Nuestro Señor Jesucristo, Editorial Voluntad, Madrid, 1926, t. III, pp. 238-239. 11) Jo 6, 17 a 21. 12) Jo 6, 26. 13) Jo 6, 32-34. 14) Summa Theologica, II-II, q. 177, a.1. 15) Jo 6, 48-51. 16) Discours sur l’Histoire Universelle, P. II, c XIX 17) Jo 10, 10.

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