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quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Ensinava fazendo o bem

Nosso Senhor veio à Terra para salvar as almas; portanto, esse efeito, tão salvífico para as almas, Ele queria produzi-lo. E, neste sentido, o Divino Salvador amava sua própria figura, sua própria inteligência, sua própria santidade, não só porque era Deus — e Deus não pode deixar de amar-Se a Si mesmo infinitamente —, mas pelo fato de que aquilo de humano que havia n’Ele era o melhor reflexo de tudo quanto fora criado.
Lemos no Gênesis que Deus, depois de ter criado o universo, descansou, contente, vendo a harmonia que Ele havia feito. Porque cada coisa era boa e o conjunto ainda melhor.
Ora, tudo quanto há no universo valia menos do que Nosso Senhor Jesus Cristo. Podemos imaginar o seu comprazimento — santíssimo, sem nem de longe se assemelhar àquilo que chamamos egoísmo, paixão tão vil —, conhecendo-Se como era, e a natureza humana dizendo dentro d’Ele às três Pessoas da Santíssima Trindade: “Eu sou o vosso espelho mais exato em toda a Criação, glória a Vós!”
O Homem-Deus, no que Ele tinha de humano, amava infinitamente o que possuía de divino; por causa disso, Nosso Senhor tinha gosto em que, por amor a Deus — evidentemente não por uma vaidade; isto está inteiramente afastado — os homens contemplassem esse reflexo do Criador e O adorassem. E para Ele era uma razão de alegria, quando as multidões iam ao seu encalço, sendo preciso que os Apóstolos O protegessem, para não chegarem perto demais.
Ensinava fazendo o bem
O Evangelho narra a cena de Nosso Senhor pregando para o povo de dentro de uma barca, para que pudesse ser ouvido por todos. Ele tinha a voz perfeita — com que suavidade, força, grandeza, riqueza de inflexões! — e dali podia falar admiravelmente as coisas mais fulgurantes, ou mais doces, ouvidas a qualquer distância.
O Redentor passava por algum lugar e via uma pessoa que estava sofrendo, sozinha, numa estrada ou num caminho. Ele via as almas que se abriam para Ele, e tinha com isso a felicidade que Deus tem na sua própria glória, observando que a criatura, que Ele criou e chamou para amá-Lo, é tocada pela graça e exclama: “Meu Senhor e meu Deus!”
Para provar aos homens ser Ele o Homem-Deus — sua missão consistia em ensinar quem era Ele —, Nosso Senhor tinha como instrumentos, primeiro — e que instrumento incomparável! — a Si próprio. Depois o que Ele dizia: sua doutrina maravilhosa, simplicíssima, delicadíssima, fortíssima, de lógica inquebrantável, verdade intocável, irrepreensível, perfeita. Até o fim do mundo, os homens estudarão os sermões do Divino Mestre que estão no Evangelho, e não chegarão até o fundo.
Além disso, Ele aconselhava, ajudava, praticava milagres para curar. Tais benefícios mereceram que São Pedro fizesse de Nosso Senhor este elogio tão simples e tão grandioso: pertransivit benefaciendo — passou pelo mundo fazendo o bem2. Em todos os lados, de todos os jeitos, Ele praticou o bem, até mesmo quando punia.
E quando Jesus tomou um látego na mão e expulsou os vendilhões do Templo, teve bondade para com eles. Aterrorizou-os, mas deve ter-lhes dado a graça do temor, para que se convertessem. O seu braço fortíssimo, divino, atingia e metia em fuga, mas, ao mesmo tempo, a sua graça procurava levantar as almas, para se unirem a Ele através do temor de Deus.
Milagres, que quantidade! Milagres físicos: curas que Nosso Senhor realizou; milagres morais: pessoas péssimas, perdidas, completamente desviadas pelos recantos da vida, e que, entretanto, conhecendo-O, se voltavam para Ele e ficavam limpas.
Mais ainda: pessoas tão embotadas no mal, que O conheciam, convertiam-se por pouco tempo e caíam novamente no pecado. O Redentor as procurava, reconduzindo-as para o bem. Ricos como Lázaro, pobres como as multidões que O acompanhavam, poderosos como Nicodemos, José de Arimateia, todos O seguiam, encantados. 
Plinio Correa de Oliveira - Extraído de conferência de 7/4/1984

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