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quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Evangelho 21º Domingo do Tempo Comum - Jo 6, 60-69

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Antídoto contra o pecado e fortaleza para a luta
Além disso, a Eucaristia é um grande antídoto contra o pecado, pois, segundo São Tomás de Aquino, além de nos conferir a graça, ela — que contém o Autor da graça, Cristo Jesus — aumenta em nós a caridade; diminui a concupiscência; por conseguinte, aumenta a devoção, perdoa os pecados veniais; etc. (13).
Esse Sacramento produz seus frutos, na alma que o recebe, “ex opere operato” (14). Entretanto, seus efeitos podem ser excelentes em maior ou menor grau, dependendo das disposições com as quais é recebido. Se a preparação interior for ótima, melhor será seu aproveitamento. O rompimento e renúncia explícita a tudo quanto possa inclinar-nos ao pecado constitui condição essencial para obtermos a plenitude das graças conferidas pela Comunhão Eucarística.
Por outro lado, não devo me perturbar por causa de minhas debilidades e imperfeições, pois elas não me impedem de me aproximar da Sagrada Mesa, mas, pelo contrário, o Pão Vivo me dará fortaleza para a luta. Quer se trate de um vaidoso, um arrogante, um preguiçoso ou um tíbio, na Eucaristia ele encontrará a inspiração e a energia para trilhar o bom caminho.
Aliás, em nossa vida espiritual não são poucos os combates que devemos enfrentar contra o demônio, o mundo e a carne: “Requer-se a fortaleza do espírito para resistir a semelhantes dificuldades, do mesmo modo como o homem supera e repele, pela fortaleza corporal, os obstáculos materiais” (15).
Ora, onde buscar esse fortalecimento senão na Eucaristia?
O salutaris Hostia (...) Bella premunt hostilia. Da robur, fer auxilium — canta tão belamente o imortal hino eucarístico: “Ó Hóstia Salvadora (...) Os inimigos premem-nos com hostilidades. Dai-nos resistência, trazei-nos ajuda!”
63 As palavras que vos disse são espírito e vida.
“Ou seja — comenta São João Crisóstomo — elas são totalmente espirituais, nada têm de carnal, nem estão sujeitas aos efeitos naturais, e são isentas de qualquer necessidade terrena e de todas as leis desta terra.” (16)
Crer para Ser vivificado
64 “Mas há alguns de vós que não crêem”. Com efeito, Jesus sabia desde o princípio quais eram os que não acreditavam, e quem havia de O entregar.
Um dos melhores comentários a este versículo é feito por Santo Agostinho. Afirma ele que Jesus não se referiu à falta de entendimento, por querer denunciar diretamente a causa, ou seja, a ausência de fé nesses “alguns”. Com muita lucidez demonstra que não pode ser vivificado quem resiste à fé. E, como conseqüência, torna-se obtuso de entendimento: “Quem não adere, resiste; quem resiste, não crê. E como pode ser vivificado quem resiste? (...) Creiam e seus olhos serão abertos; abram-se os olhos e serão iluminados” (17).
Sobre quem esse “alguns de vós” se referia, diz Maldonado: “A mim, no entanto, me agrada mais a opinião de Crisóstomo, que estende a todos os discípulos e ouvintes o alcance da queixa de Cristo, mas excetua deste número os apóstolos, apoiando-se no sentido geral da polêmica, que obriga a considerar Cristo em confronto com os que se tinham ofendido com suas palavras” (18).
Segundo alguns autores, ao afirmar João que Jesus “sabia desde o princípio”, quis referir-se ao conhecimento eterno d’Ele como Segunda Pessoa da Santíssima Trindade. Outros, porém, interpretam de forma diferente e julgam ter João indicado pela palavra “princípio” o momento que precedeu às murmurações entre os ouvintes.

Continua

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