-->

terça-feira, 14 de agosto de 2012

EVANGELHO DO 20º DOMINGO DO TEMPO COMUM

O verdadeiro alimento e a imortalidade
Um ano antes da Santa Ceia, Jesus anunciou a seus discípulos a instituição da Eucaristia. A surpreendente revelação despertou murmurações e celeuma entre os ouvintes. Entretanto, o Pão de vida eterna passou a ser a paz e a alegria dos corações que d’Ele se alimentam, além de inesgotável fonte de santificação.

51Eu sou o pão vivo que desceu do Céu. Quem comer deste pão viverá eternamente. E o pão, que Eu hei de dar, é a minha carne para a salvação do mundo. 52 A essas palavras, os judeus começaram a discutir, dizendo: Como pode este homem dar-nos de comer a sua carne? 53 Então Jesus lhes disse: Em verdade, em verdade vos digo: se não comerdes a carne doFilho do Homem, e não beberdes o seu sangue, não tereis a vida em vós mesmos. 54 Quem come a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna; e Eu o ressuscitarei no último dia. 55 Pois a minha carne é verdadeiramente uma comida e o meu sangue, verdadeiramente uma bebida. 56 Quem come a minha carne e bebe o meu sangue permanece em mim e Eu nele. 57 Assim como o Pai que me enviou vive em mim, e Eu vivo pelo Pai, assim também aquele que comer a minha carne viverá por mim. 58 Este é o pão que desceu do céu. Não como o maná que vossos pais comeram e morreram. Quem come deste pão viverá eternamente (Jo 6, 51-58).

A DEVOÇÃO EUCARÍSTICA AO LONGO DOS SÉCULOS
Era de suma importância, não só para aqueles dias da Igreja nascente, mas para os tempos futuros, instruir os fiéis a propósito do mais substancioso dos sacramentos. Essa transcendental missão dos Apóstolos foi acolhida por São João com muito zelo, piedade e ortodoxia. Dedicou ele todo o capítulo VI de seu Evangelho para tratar desse tão relevante tema, tornando acessível ao leitor a compreensão da sabedoria, esmero e eficácia do Divino Mestre em preparar o povo para crer, amar e desejar esse Sagrado Banquete que se constituiu, logo de início, no elemento essencial para fortalecer na virtude e perseverança os já batizados.

Nos onze primeiros séculos da História da Igreja, a Eucaristia tornou-se o centro da vida sobrenatural dos fiéis, mas, fora do Santo Sacrifício, não recebia Ela nenhum culto público. Somente no século XII começam a aparecer pequenos tabernáculos e, fazendo face a algumas seitas heréticas que negavam a transubstanciação e a presença real de Jesus no Santíssimo Sacramento do altar, levantou-se um grande fervor eucarístico.
Certos costumes em relação ao Pão dos Anjos surgiram espontaneamente, outros foram instituídos por autoridades eclesiásticas como, por exemplo, a ordem emanada da Cátedra de Pedro, pelo Papa Gregório X (1271-1276), no sentido de todos se ajoelharem em adoração, durante as Missas, desde a Consagração até a Comunhão.

Instituição da festa de Corpus Christi

Um enorme incentivo à devoção eucarística surgiu no século XIII a propósito de um portentoso milagre. Em 1263, um sacerdote alemão que viajava para Roma deteve-se em Bolsena para celebrar a Santa Missa. Durante a mesma, implorou o auxílio de Deus para livrar-se das tentações postas pelo demônio contra sua fé na Sagrada Eucaristia. Qual não foi seu espanto quando, apenas pronunciadas as palavras da Consagração, verteram da Sagrada Hóstia gotas de sangue a ponto de umedecer completamente os corporais. O fato produziu uma verdadeira comoção popular e as referidas relíquias foram levadas à cidade de Orvieto, onde se encontrava o Papa Urbano IV. Eis a razão da existência do mais belo monumento em arquitetura policromada: a catedral gótica construída com o objetivo de acolher aqueles tecidos de linho embebidos pelo preciosíssimo sangue de Jesus Cristo.

No ano seguinte, Urbano IV promulgava a bula Transiturus, instituindo na Igreja Universal a festa de Corpus Christi, a ser celebrada com solenidade e júbilo todos os anos, na quinta-feira após a oitava de Pentecostes.

Por essa época surgiram também os mais belos cânticos eucarísticos como, por exemplo, Adoro te Devote, O Salutaris Hostia, Ave Verum Corpus, Ave Salus Mundi, etc. Em retribuição ao culto que Lhe prestavam, Jesus se manifestou com profusão de milagres eucarísticos: só na Alemanha houve mais de cem casos de hóstias sangrantes, entre os séculos XIII e XIV.

Os Papas recentes

Para não sermos prolixos relatando incontáveis episódios sobre o aumento do fervor eucarístico ao longo dos tempos, citemos apenas um: a extensão da Comunhão às crianças, no começo do século XX, realizada por São Pio X através do decreto Quam Singularis (1). Com este e dois outros que o precederam sobre o mesmo tema (2), o Santo Pontífice estimulava os fiéis a receberem o Pão dos Anjos com a maior freqüência possível: “O desejo de Jesus Cristo e da Igreja é que todos os fiéis se aproximem diariamente do Banquete Sagrado, cuja primeira finalidade não é garantir a honra e a reverência devidas ao Senhor, nem tampouco servir de prêmio ou recompensa para a virtude dos fiéis, mas sim fazer com que os fiéis, unidos a Deus por meio deste Sacramento, possam encontrar nele força para vencer os desejos da carne, alcançar o perdão das culpas leves cotidianas e evitar os pecados mais graves aos quais a fragilidade humana está inclinada”.
Por fim, João Paulo II nos ensina, em sua recente encíclica Ecclesia de Eucharistia, como “é da perpetuação do sacrifício da cruz na Eucaristia e da Comunhão do corpo e sangue de Cristo, de onde a Igreja tira a força espiritual de que necessita para levar a cabo a sua missão”. Ao longo desse belo documento, o Pontífice lembra e ratifica a doutrina eucarística dos grandes santos e concílios, como também recomenda “celebrar a Eucaristia num ambiente digno de tão grande mistério”, e ressalta os aspectos marianos deste Sacramento: “Maria é mulher ‘eucarística’ na totalidade da sua vida. A Igreja, vendo em Maria o seu modelo, é chamada a imitá-La também na sua relação com este mistério santíssimo” (3).
É nesta perspectiva histórica que devemos considerar o Evangelho do 20º Domingo do tempo Comum.
Continua no próximo post

Nenhum comentário: