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sexta-feira, 7 de setembro de 2012

COMENTÁRIO AO EVANGELHO DO 23º DOMINGO DO TEMPO COMUM - ANO B

Final -  Comentário ao EVANGELHO DO 23º DOMINGO DO TEMPO COMUM - ANO B

TOMOU-O À PARTE”
Recolhimento
Certas enfermidades, sobretudo as mais graves, exigem tratamento hospitalar. De maneira análoga, assim também se passa com o processo de cura dos portadores de alguns vícios espirituais, ou seja, é necessário afastá-los da multidão, retirá-los do bulício e da agitação. O esfriamento de nossa vida de oração, o abandono da prática da religião vão dando rédeas soltas às nossas paixões desregradas, os maus hábitos invadem nossa inteligência e nossa vontade, a Lei de Deus acaba por tornar-se cada vez mais pesada, e, por fim, terminamos sendo surdos de Deus, e mudos para sua glória. Será útil, e talvez até indispensável, nessas circunstâncias, tomar distância, recolher-se de alguma forma, para entregar-se nas mãos de Jesus e ser por Ele miraculado.
O INDISPENSÁVEL PAPEL DOS SÍMBOLOS E DAS CERIMÔNIAS
Ensina-nos o Catecismo da Igreja Católica :”Na vida humana, sinais e símbolos ocupam um lugar importante. Sendo o homem um ser ao mesmo tempo corporal e espiritual, exprime e percebe as realidades espirituais por meio de sinais e símbolos materiais. Como ser social, o homem precisa de sinais para se comunicar com os outros, pela linguagem, por gestos, por ações. Vale o mesmo para sua relação com Deus.” (nº 1146)
Jesus colocou seus divinos dedos nos ouvidos do surdo para fortalecer a fé do enfermo e tornar patente o quanto era Ele o Autor da cura, como se lhe dissesse: “Nestes teus dois órgãos auditivos se encontra teu mal. Eu vou te curar!”
Usa de sua saliva divina para tocar a língua do mudo, fazendo-o participar de sua própria saúde e ordenação físicas. E com o império de Criador, pronuncia a palavra eficaz: “Abre-te”!
Assim procedendo, Jesus nos demonstra o quanto ama os símbolos, pois poderia ter realizado esse milagre por uma simples determinação de sua vontade, sem nenhum sinal exterior. Aqui compreendemos bem a solidez e penetração do ensino acompanhado das cerimônias e o quanto não é de bom alvitre simplificá-las e, menos ainda, eliminá-las.
A PERFEIÇÃO DESPERTA ADMIRAÇÃO
Jesus mandou guardar silêncio a respeito dessa maravilha por Ele operada, pois deslocava-se de maneira discreta, não desejando chamar a atenção de ninguém. Entretanto, deu-se exatamente o contrário. Jesus tornou-se admirado pelo fato de externar a perfeição em tudo o que fazia. Eis uma grande lição para os dias atuais. Aqui está a fórmula infalível para os homens que deliram em busca de admiração: fazer bem todas as coisas.
APLICAÇÃO
Os grandes pregadores de outrora, ao comentar este trecho do Evangelho, com frequência faziam uma aproximação entre as enfermidades físicas e as espirituais, convidando os fiéis de forma veemente à conversão.
Santo Agostinho se destaca entre todos, usando ao longo de suas obras, muitas vezes, a expressão “Surdos para ouvir a verdade e mudos para glorificar a Deus”.
A metáfora é ainda mais aplicável ao nosso mundo hodierno. Uma grande maioria das pessoas tem, na atualidade, os ouvidos abertos e sensíveis a quase tudo o que não seja de Deus: imoralidades, blasfêmias, ateísmo, escândalos, etc.; e muitas vezes fechados ou endurecidos para os avisos, exemplos e conselhos rumo à santidade. E o que pensar do uso da língua neste milênio? Não poucas vezes consiste em proferir pecados, iniqüidades, blasfêmias, difamações, calúnias, mentiras, etc., quando na realidade recebemos de Deus o dom da fala para proclamar sua grandeza, honra e glória!
A humanidade se encontra mais surda e mais muda do que todos os estropiados de fala e audição existentes nos dias da vida pública de Nosso Senhor. Quão necessária é a intercessão de Maria para obter de Jesus o retorno da audição e da expressividade dos áureos tempos da História, nos quais os homens cantavam as glórias de Deus não só pelas palavras, gestos e atitudes, mas também através de melodias e de todas as artes!

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