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terça-feira, 13 de novembro de 2012

Evangelho XXXIII Domingo do Tempo Comum Ano B Mc 13, 24-32

Continuação do post anterior
Cristo, Juiz dos mortos e dos vivos
Logo a seguir, no versículo 26, Marcos procura dar ênfase ao “grande poder e glória” do “Filho do homem (ao) voltar sobre as nuvens”. Jesus possui duas naturezas: a humana e a divina. Pela divina, é Juiz desde toda eternidade. Mas como se poderá compreender a origem de seu humano poder de julgar?
Consideremos inicialmente que Jesus, por sua Paixão e Morte, tornou-Se nosso Salvador. Ensina São Tomás que seu poder de juiz universal decorre justamente dessa nossa libertação da morte e do pecado, operada por Ele através de sua natureza humana: “Por isso há de se dizer que, segundo a natureza humana, (Cristo) nos libertou tanto dos males espirituais como dos temporais, e nos obteve os bens espirituais e eternos. É natural que quem adquiriu os bens, os distribua. Esta distribuição exige um juízo para que cada um os receba conforme seu grau. Portanto, Cristo, segundo sua humana natureza, foi constituído por Deus juiz sobre os homens que salvou. (...) Cristo se humilhou até o extremo ao submeter-se a um juiz humano que O julgou injustamente. Como prêmio disto, Deus O constituiu juiz dos mortos e dos vivos” (5).
Foi o próprio Jesus Quem nos disse: “Aquele que se exaltar será humilhado, e o que se humilhar será exaltado” (Mt 23, 12).
O glorioso Juiz: gáudio para os bons, tristeza para os maus
Poder-se-ia perguntar se não seria melhor, para castigo dos maus, o Salvador aparecer no dia do Juízo sem exteriorizar todo seu “grande poder e glória” (v. 26). São Tomás de Aquino, com sua insuperável clareza, discorre sobre o assunto, inicialmente provando a necessidade de ser o Juiz Eterno anunciado por acontecimentos grandiosos: “Cristo aparecerá para julgar os homens, revestido de glória, em virtude da autoridade própria de juiz. Ora, a dignidade do poder judiciário deve ser precedida de certos sinais que despertem reverência e sujeição. Por isso, o advento de Cristo, como juiz, será precedido de muitos sinais, que advertirão os homens a terem os corações dispostos a submeter-se à sentença do juiz prestes a chegar e a se prepararem para o juízo” (6). Em face dessa perspectiva, colocar-se-ia uma questão: se assim for, terão os maus, pelo menos durante o Juízo, a possibilidade de ver a Deus face a face? Responde-nos São Tomás: “Se os maus vissem a Deus em sua própria natureza, ou seja, na sua divindade, teriam já com isto um prêmio, do qual se tornaram indignos pelo pecado. É, portanto, muito conveniente que Deus julgue, não segundo sua natureza própria, mas segundo sua natureza humana assumida. Assim poderá julgar os bons e os maus, sem que estes últimos recebam prêmio algum.
“Pertencendo o poder judicial de Cristo ao seu triunfo e exaltação, assim como a glória da ressurreição, aparecerá no Juízo não de forma humilde, a qual pertence ao mérito, mas gloriosa, que é própria do prêmio. Por isso se diz no Evangelho (Mt 24, 30) que se verá vir o Filho do homem sobre as nuvens com grande poder e majestade” (7).
Não nos esqueçamos de que esse glorioso Juiz é aquele mesmo Menino apresentado por Maria ao velho Simeão, o qual fez a profecia: “Eis que este Menino está posto para ruína e ressurreição de muitos em Israel e para ser sinal de contradição” (Lc 2, 34). Ou seja, será o próprio Jesus, em sua glória, motivo de júbilo para os bons e de tristeza e pavor para os maus.
A ressurreição dos corpos
São Marcos recolhe, além do mais, a afirmação do Mestre: Ele “enviará logo os seus Anjos e juntará os seus escolhidos” (v. 27), numa patente referência à ressurreição dos corpos. Outro fato grandioso. Nesse dia, cada um retomará o próprio corpo na sua integridade, conforme nos ensina São Tomás na Suma Teológica: “O homem há de ressurgir perfeito, pois se reconstituirá para receber a sua última perfeição. Portanto, todos os membros que o corpo humano tiver nesta vida hão de reconstituir-se na ressurreição” (8).
Ademais, em outra obra São Tomás afirma: “Como o homem há de receber pena ou prêmio, segundo os atos executados durante a vida, é conveniente que os homens conservem os mesmos membros com os quais serviram ou ao pecado ou à santidade, para que assim sejam castigados ou premiados os mesmos que pecaram ou mereceram” (9).

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