CONCLUSÃO DOS COMENTÁRIOS AO EVANGELHO DO 29º DOMINGO DO TEMPO COMUM - ANO A - Mt 22, 15-21
O ensinamento de Jesus sobre a harmonia entre a ordem espiritual e a
temporal
As coisas de Deus e
as coisas da terra não devem ser antagônicas. Pelo contrário, entre elas deve
haver colaboração. Na harmonia entre ambas as esferas, a temporal e a
espiritual, está o segredo do progresso. E a História nos mostra que nada pode
haver de mais excelente do que seguir o conselho de Nosso Senhor: “Buscai,
pois, o reino de Deus e sua justiça, e todas essas coisas vos serão dadas por
acréscimo” (Lc 12, 31).
Seja dito de
passagem, nessa conjugação e colaboração entre o espiritual e o temporal é que,
segundo o seu carisma, esforçam-se os Arautos do Evangelho: em atuar procurando
a “consecratio mundi”, a sacralização da ordem temporal, enquanto leigos, e
sendo filhos amorosos da Igreja, fiéis ao Papa, como instrumentos da Nova
Evangelização.
Harmonia dentro de nós
Pode-se dizer que há
uma espécie de convívio entre as duas esferas dentro do homem, uma vez que
temos para conosco deveres referentes à nossa vida espiritual e às necessidades
de nosso corpo. A tal respeito, comenta São Tomás de Aquino na Catena Aurea:
“Também podemos
entender essa passagem [do Evangelho] no sentido moral, porque devemos dar ao
corpo algumas coisas, como o tributo a César, isto é, o necessário; mas tudo o
que corresponde à natureza das almas, isto é, o que se refere à virtude,
devemos oferecer ao Senhor. Os que ensinam a lei de modo exagerado e ordenam
que não cuidemos em absoluto das coisas devidas ao corpo .... são fariseus, que
proíbem pagar o tributo a César; e os que dizem que devemos conceder ao corpo
mais do que devemos, são herodianos. Nosso Salvador quer que a virtude não seja
desprezada, quando prestamos atenção demasiada ao corpo; nem que seja oprimida
a natureza, quando nos dedicamos com excesso à prática da virtude.”
Concluamos, seguindo
o conselho de Santo Agostinho: se nos preocupamos com as moedas nas quais está
gravada a efígie de César, muito mais devemos nos preocupar com nossas almas,
nas quais Deus gravou sua própria imagem. Se a perda de um bem terreno nos
entristece, muito mais nos deve contristar o causar dano à nossa alma pelo
pecado.
1) Vida de Nuestro
Señor Jesucristo, t. 4, p. 90
2) Id. ib.
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