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terça-feira, 15 de novembro de 2011

Evangelho: cura de um paralítico II

1 Alguns dias depois, Jesus entrou novamente em Cafarnaum, e souberam que Ele estava em casa.
Maldonado opina que Jesus deve ter entrado na cidade à noite e de maneira muito discreta, sabendo-o somente os discípulos e mais ninguém, a fim de poder descansar. Logrado foi seu intento, pois a notícia de sua chegada correu pela cidade.
Provavelmente tratava-se da casa de Pedro, e não se pode descartar a hipótese de a notícia ter sido espalhada através de algum amigo, ou até mesmo de um parente seu. Não é fácil fazer passar despercebida a presença de Jesus, uma vez que a própria virtude participada — a dos santos —, ninguém consegue abafá-la.
O período de ausência de Cafarnaum não deve ter sido apenas de “alguns dias”, e sim de semanas, pois deduz-se que Ele pregou aos sábados em várias sinagogas, antes de retornar à casa de Pedro.
2 Reuniu-se tanta gente que não cabia mais ninguém, nem mesmo junto à porta. E Ele pregava-lhes a Palavra.
Era tal a quantidade de pessoas, que estas obstruíam a passagem de quem quer que fosse. É comum em todos os tempos verificar-se a curiosidade, penetrada de egoísmo, da multidão que se apinha e se trata a cotoveladas. Ademais, não devia ser pequeno o número dos representantes de todos os lugares. Ali deviam estar também os fariseus da Judeia e da própria Jerusalém, ansiosos por fazerem de Jesus um dos seus, ou, então, levá-Lo ao Calvário.
Em suma, transparecem neste versículo, numa síntese elegante, a pressa e o empenho um tanto agitados em acercar-se d’Ele, da parte de todos.
O paralítico, símbolo das almas tíbias
3 Nisto chegaram alguns conduzindo um paralítico que era transportado por quatro homens.
Alguns autores — como é o caso de Maldonado — são partidários da hipótese de que se tratava de um paralítico de certa posse e por isso provavelmente se fizesse acompanhar de seus familiares e até mesmo de amigos.
Quanto ao número “quatro”, notado por São Marcos, há uma divergência entre os comentaristas. Alguns, como São Beda, atribuem uma certa alegoria ao fato, aproximando-os dos quatro Evangelistas ou das quatro virtudes que nos conduzem a Cristo. Outros — entre os quais novamente se encontra Maldonado — interpretam como resultado da preocupação de São Marcos em ressaltar o caráter dramático da paralisia do enfermo. Sua capacidade de locomoção era tão restrita que necessitava ser carregado por quatro pessoas. Essa peculiaridade dará ao milagre maior grandiosidade.
Há também quem faça um paralelo entre a paralisia física e a tibieza espiritual, pois a tendência do tíbio é esfriar-se na prática da virtude, estancar-se em seu progresso. Por não tomar a sério o pecado venial, sua vontade se debilita, conduzindo-o a um paulatino e progressivo abandono da oração e, por fim, à queda no pecado grave. Esse mal é recriminado pelo Senhor: “Conheço as tuas obras, sei que não és nem frio nem quente; oxalá foras frio ou quente; mas, porque és morno, nem frio nem quente, começarei a vomitar-te de minha boca” (Ap 3, 15-16).
A considerar como válida essa interpretação, o Evangelho de hoje nos aponta uma solução para a paralisia espiritual: buscar Jesus, ainda que seja através do auxílio de outros. Onde poderá melhor encontrá-Lo uma alma tíbia? Na confissão frequente, feita com amor e seriedade; nela, além do benefício do nosso arrependimento, operará em nós a própria força de Nosso Senhor Jesus Cristo. Quem aplicar assim esse método jamais será apanhado por uma terrível enfermidade.
Continua no próximo post.

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