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quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Evangelho: cura do paralítico IV

O Senhor que esquadrinha os corações
6 Estavam ali sentados alguns escribas que diziam nos seus corações: 7 “Como é que Ele fala assim? Ele blasfema. Quem pode perdoar senão Deus?”
Enquanto doutores da Lei, conheciam aqueles escribas que só a Deus cabe perdoar os pecados, conforme se encontra na Escritura: “Sou Eu, sou Eu que por amor a Mim apago os teus pecados e não Me recordo mais de tuas rebeldias” (Is 43, 25). Sabiam eles que nenhum juiz poderia arrogar-se a faculdade de perdoar qualquer pecado, pois este consiste numa ofensa feita a um Ser infinito, eterno, etc., e quem o comete contrai uma culpa também infinita.
Quem afirmasse de público ser capaz de perdoar os pecados proferiria uma blasfêmia, por querer praticamente usurpar o trono de Deus. Ora, segundo a Lei mosaica, o blasfemador era réu de morte por apedrejamento, e as testemunhas deveriam começar por rasgar as vestes. Com esse pensamento, os escribas evidentemente precipitariam a condenação de Jesus à pena capital. Não podemos nos esquecer de que talvez esses fariseus fossem aqueles que haviam presenciado a proclamação do Precursor: “Eis o Cordeiro de Deus, o que tira o pecado do mundo” (Jo 1, 29).
8 Jesus, conhecendo logo no seu espírito que eles pensavam desta maneira dentro de si, disse-lhes: “Por que pensais isto nos vossos corações?”
Aqui está mais uma prova da divindade de Jesus Cristo. As Escrituras são ricas de afirmações a respeito de quanto “o Senhor sonda todos os corações e penetra todos os pensamentos do espírito” (1 Cr 28, 9). Diz Deus a Jeremias: “Eu sou o Senhor que esquadrinho o coração, que sondo os afetos” (17, 10).
Conforme narra o Evangelista, os fariseus nada haviam dito nessa ocasião, tratava-se de puros pensamentos. Só o fato de vê-Lo discernir com tanta precisão o interior das almas, já lhes teria sido suficiente para crerem na divindade do Messias.
Segundo São João Crisóstomo, esse foi o primeiro milagre realizado por Jesus nessa noite, antes mesmo da cura do paralítico. Aqui se percebe o quanto a blasfêmia cabia exclusivamente aos fariseus, e jamais a Jesus.
Muito consoladora é para nós esta passagem, pois ela nos demonstra como nossos pensamentos, desejos e aflições são acompanhados por nosso Redentor a cada instante. Esse poder de Jesus incentiva nossa piedade, fortalece nossa confiança e nos convida à honestidade. Por outro lado, faz crescer nosso temor a Deus e põe freio à nossa negligência.

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