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segunda-feira, 2 de abril de 2012

Jesus lava os pés dos discípulos- Evangelho João 13

Judas estava determinado a cometer o crime

“Estavam tomando a ceia. O diabo já tinha posto no coração de Judas, filho de Simão Iscariotes, o propósito de entregar Jesus”.

Estava presente Judas Iscariotes, que já resolvera participar do horroroso crime de deicídio. A esse respeito, assim se refere Santo Agostinho: “Judas tinha já decidido em seu coração ceder às sugestões diabólicas e trair um Mestre em quem não aprendera a conhecer a Deus. Viera ao banquete já com essa disposição, como explorador do Pastor, como armador de insídias ao Salvador, como vendedor do Redentor”.8

São João Crisóstomo nota ter sido intenção do Evangelista “deixar claro que Cristo lavou os pés do homem que havia já decidido traí-Lo”,9 ressaltando, assim, a paciência e clemência de Jesus. Logo a seguir, porém, aponta como o Discípulo Amado visava também acentuar “a enorme maldade daquele homem, porque não o levavam a desistir nem o fato de compartilhar a hospitalidade de Cristo, embora fosse este o mais eficaz freio para a maldade, nem sequer o de que Cristo continuava sendo seu mestre, suportando-o até o último dia”.

O Mestre lava os pés dos discípulos

“Jesus, sabendo que o Pai tinha posto tudo em Suas mãos e que de Deus tinha saído e para Deus voltava, 4 levantou-Se da mesa, tirou o manto, pegou uma toalha e amarrou-a na cintura. 5 Derramou água numa bacia e começou a lavar os pés dos discípulos, enxugando-os com a toalha com que estava cingido”.

Comentando essa afirmação de São João, “Sabendo que o Pai tinha posto tudo em Suas mãos”, explicita Santo Agostinho: “Portanto, também o próprio traidor, pois se não o houvesse tido em suas mãos, não teria podido servir-Se dele à vontade. Estava já, portanto, entregue ao traidor, precisamente ao que desejava entregá-Lo, de modo que quando O entregasse para o mal, saísse de sua traição um bem que ele ignorava. Sabia muito bem o que estava fazendo por seus amigos esse Senhor que Se servia pacientemente de seus inimigos”.11

Para entender estes versículos, devemos levar em consideração os costumes orientais de há dois mil anos, bem distintos dos nossos. Naquele tempo, era praxe, para manifestar deferência, os servos lavarem os pés dos convidados, com água, perfumes e unguentos, nos banquetes e jantares solenes. Ora, isso jamais era feito pelo próprio anfitrião. Tratava-se de serviço próprio aos escravos.

Nesta Ceia, quem era o Anfitrião? Nada mais nada menos que o próprio Deus feito homem. Aquele em cujas mãos “o Pai tinha posto tudo” e que “de Deus tinha saído e para Deus voltava”, vai fazer papel de servo, lavando os pés dos que O reverenciavam como Mestre e Senhor. Belamente interpreta os pormenores desta cena o gênio de Santo Agostinho, ao afirmar: “Tirou Seu manto Aquele que, sendo Deus, aniquilou-Se a Si mesmo; cingiu-Se com uma toalha Aquele que recebeu a forma de servo; derramou água numa bacia para lavar os pés de Seus discípulos Aquele que verteu Seu Sangue para com ele lavar as manchas do pecado”

Gesto tão inusitado não podia deixar de causar perplexidade nos Apóstolos, como bem comenta o mesmo santo: “Quem não se encheria de estupor se o Filho de Deus lhe lavasse os pés?”

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