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terça-feira, 4 de setembro de 2012

COMENTÁRIO AO EVANGELHO DO 23º DOMINGO DO TEMPO COMUM - ANO B

31Ele deixou de novo as fronteiras de Tiro e foi por Sidônia ao mar da Galiléia, no meio do território da Decápole. 32 Ora, apresentaram-lhe um surdo-mudo, rogando-lhe que lhe impusesse a mão. 33 Jesus tomou-o à parte dentre o povo, pôs-lhe os dedos nos ouvidos e tocou-lhe a língua com saliva. 34 E levantou os olhos ao céu, deu um suspiro e disse-lhe: Éfeta!, que quer dizer abre-te! 35 No mesmo instante os ouvidos se lhe abriram, a prisão da língua se lhe desfez e ele falava perfeitamente. 36 Proibiu-lhes que o dissessem a alguém. Mas quanto mais lhes proibia, tanto mais o publicavam. 37 E tanto mais se admiravam, dizendo: Ele fez bem todas as coisas. Fez ouvir os surdos e falar os mudos! (Mc 7, 31-37)


OS PRESSUPOSTOS PARA MELHOR COMPREENSÃO DO TEXTO
Os textos sagrados, e em especial os Evangelhos, são riquíssimos em conteúdo e muito mais se prestam à meditação e aprofundamentos do que a uma leitura apressada.
Os versículos de São Marcos escolhidos para este 23º Domingo do Tempo Comum parecem constituir a simples narração de mais um dos inúmeros milagres de Jesus. Entretanto, as lições neles contidas são de molde a conduzir à santidade qualquer um que se aplique a entendê-las, amá-las e vivê-las com perfeição.
1. A narração de São Marcos
O episódio narrado no Evangelho se verifica em terras pagãs, pois a sanha dos fariseus, além da maldade persecutória de Herodes, assassino de João Batista, tinham levado Jesus a pôr-se fora da jurisdição deste e longe do alcance daqueles. Havia Nosso Senhor abandonado os confins de Tiro e dirigia-se ao mar da Galileia, através de Sidônia. Assim, evitou criar um centro determinado para suas pregações e chegou até mesmo a espaçá-las. Mas a fama de seus milagres tornava-Lhe impossível passar desapercebido, pois o coração de Jesus, todo feito de misericórdia, não resistia a qualquer enfermo que se Lhe apresentasse, atraindo a cada passo a multidão que se acotovelava para assistir às curas por Ele operadas e ouvir suas palavras de vida eterna.
O fato em questão é narrado exclusivamente por São Marcos, e se harmoniza de maneira sapiencial com todo o resto das palavras utilizadas ao longo da liturgia deste domingo.
2. As leituras próprias para este dia
No universo, encontramos reflexos de Deus esparsos até nas mais insignificantes das criaturas mas, em Jesus, deparamo-nos com a própria divindade em sua substância. Tudo n’Ele tem uma multiplicidade de significados levada ao infinito, que nos convida sempre a subir para analisar suas palavras, atitudes e até os gestos, através dos prismas mais elevados. Não foram escolhidas ao acaso as Leituras e o Salmo Responsorial da atual Celebração.
Isaías incita à fortaleza e à confiança total em Deus, enumerando alguns dos milagres que seriam operados como provas irrefutáveis da determinação de Deus em nos salvar (1). Nesses quatro versículos transparece o empenho do profeta em fazer-nos compreender os aspectos sobrenaturais dos milagres do Senhor.
Jesus cura os enfermos para dar prova de sua divindade, mas também para aliviá-los de suas dores, por compaixão dos que sofrem. Ademais, nos ensina o quanto as doenças, e seu poder de curá-las, são reflexos de uma realidade muito superior, a das relações dos homens com Deus e vice-versa. “O Senhor abre os olhos aos cegos; o Senhor faz erguer-se o caído; o senhor ama aquele que é justo”, diz o Salmo Responsorial deste domingo (2).
A segunda Leitura (3) prepara nosso espírito para a verdadeira impostação face ao conjunto das verdades contidas no texto litúrgico deste dia: “Não mistureis a fé em Nosso Senhor Jesus Cristo glorificado com a acepção de pessoas” (4). Ou seja, nossa conduta durante a vida terrena deve ser pautada em função da glória eterna; estamos aqui de passagem e necessitamos habituar-nos aos conceitos de nossa verdadeira Pátria, o Céu. Por mais que a importância social e humana destes ou daqueles nos obriguem, por educação, a usarmos de equilibrada deferência, nosso verdadeiro amor e consideração ao próximo só serão perfeitos se praticados em função da virtude existente nos outros. É fundamental sermos “ricos na fé e herdeiros do Reino prometido àqueles que O amam” (5)
É do alto desse mirante da Fé que devemos analisar e assimilar as verdades e lições contidas no presente Evangelho.
Acompanhe os comentários deste 23º domingo do tempo comum - ano B nos próximos posts.


1) Is 35, 4-7
2) Sl 145, 10
3) Tg 2, 1-5
4) Tg 2, 1
5) Tg 2, 5

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