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segunda-feira, 24 de setembro de 2012

“Tu me conduzirás à terra da retidão” Salmo 142

Comentários sobre o Salmo 142

Após exprimir seu veemente desejo de andar nos caminhos do Senhor, de conformar suas cogitações e vias com as vias e cogitações de Deus, o Salmista pensa naquilo e naqueles que podem impedi-lo  de alcançar a almejada união com o Criador. Então diz:
Livra-me dos meus inimigos, Senhor; junto de Ti me refugio...
Refere-se ele aos seus inimigos terrenos, em particular os que o perseguem por amor à justiça. São seus adversários, não porque o odeiam pessoalmente, mas por detestarem a Deus, a quem ele ama. Sobre aquele que é perseguido pelo fato de amar a justiça desce uma misericórdia especial.
Inteira submissão à vontade de Deus
...Ensina-me a fazer a tua vontade, porque Tu és o meu Deus.
O caminho de Deus é um símbolo para exprimir a vontade do Altíssimo, que o Salmista quer cumprir. O significado mais  profundo  de  suas  palavras  é  este: “Creio em Ti e te amo de todo o coração; adoro-te e me dou inteiramente a Ti. Se teu caminho for árduo e, ao longo dele, eu mesmo deva sofrer uma verdadeira crucifixão, se me deres graças e forças para tanto, quero padecê-la. Mas, se for marcado por uma benignidade especial, então eu a desejo. Serei como Jó: se todas as pragas da Terra caírem sobre mim,  ou vierem dias em que me cumulares de felicidade, desejarei umas e outra . Porém, não almejo as pragas pelas pragas, nem a felicidade por causa da felicidade. Eu quero apenas a Ti, ó meu Deus!”
A terra da retidão
O teu bom espírito me conduzirá à terra da retidão. Por causa do teu nome, Senhor, me darás a vida segundo a tua justiça.
Esta é uma linda metáfora: “terra da retidão”! Ou seja, Deus conduzirá o Salmista para o local onde se é reto.
O conceito enunciado neste versículo pode ser aplicado a várias situações históricas. Por exemplo, em nossa época, quando vivemos num mundo onde muitos homens a cada dia se distanciam mais da virtude, ansiamos por sair desse estado e chegar àquela terra da retidão que será o Reino de Maria. Desejamos alcançá-la, não porque nos trará benefícios particulares, e sim porque veremos nela a merecida glorificação da Mãe de Deus na História. Essa é nossa atitude de alma, pois queremos trilhar o caminho do Senhor . E percorrê-lo, pensando no seu termo: a contemplação do Criador, face a face, no  Céu. A eterna bem-aventurança: para lá Deus leva o homem justo.
Nunca esmorecer nas vias da perfeição
Afirma o Rei David:
Tirarás a minha alma da tribulação, e pela tua misericórdia dissiparás todos os meus inimigos.
Para não abandonarmos o método das analogias, consideremos que, ao longo de nossa vida, Maria Santíssima pode permitir que passemos por grandes provações e nos  sintamos exaustos. Nessa hora, dois caminhos se apresentarão diante de nós. Um, o do poltrão, que diz: “Minha Mãe, não aguento mais, tirai-me da luta!”. O outro, do herói, que reza: “Minha Mãe, eu desfaleço, mas desejo lutar ainda mais; dai-me forças!”
De acordo com as inspirações do Divino Espírito Santo, a ação da graça em nossa alma, de um lado, e as de nossas más tendências, de outro, somos inclinados à primeira ou à segunda atitude. Nesses momentos, cada um de nós, olhando para dentro  de si  mesmo,  deve  pensar:  “Estou  lutando  pela  causa  da  Santíssima  Virgem,  quero ser justo. Quantas vezes Ela renovou  em  mim  as  forças  que  esmoreciam!  E sempre que Ela me fortaleceu, fui  capaz de me reerguer . Agora não será diferente.”
E, voltando-se para Nossa Senhora, implorar: “Estou mergulhado na tribulação. Mas Vós, ó Mãe, me tirareis dessa situação e dissipareis meus inimigos que não  consigo vencer. A Vós, também, estendo minha mão!”
Esperança na renovação de todas as coisas
E destruirás todos os que atormentam a minha alma, porque eu sou teu servo.
Tão  intensa  é  a  beleza deste versículo final, que ela nos tolhe os comentários . . . Digamos apenas, na linha das aplicações, que nos  é dado esperar uma especial proteção de Nossa Senhora no sentido de que Ela remova do nosso caminho rumo ao Céu tudo que nos atormenta, nos atribula, nos impede de correspondermos plenamente aos desígnios de  Deus sobre nós.
Digamos, outrossim, que ainda nesta Terra, a Virgem  Santíssima terá servos bons e fiéis com os quais renovará todas as coisas, implantando o Reino de Maria. E  desse modo veremos confirmada, uma vez mais, a promessa divina de que as portas do inferno jamais prevalecerão contra a Santa Igreja Católica Apostólica Romana.*

*Plinio Correa de Oliveira ( Revista Dr Plinio)

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