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quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Evangelho XXIX Domingo do Tempo Comum Mc 10, 35-45

Continuação do post anterior
Pedem uma glória humana, recebem a felicidade eterna
“Eles responderam: ‘Deixa-nos sentar um à tua direita e outro à tua esquerda,quando estiveres na tua glória!”.
Ao lermos este versículo hoje, quase dois mil anos depois do fato, ficamos pasmos: como chegaram a proceder desta forma São Tiago e São João? Desconcerta. Percebe-se estarem am-bos supondo uma glória terrena, com Nosso Senhor tornando-Se rei de Israel, ou seja, a glória de um Messias humano conquistando o poder político, social e financeiro da nação eleita. Tinham a impressão de que isso não estava longe de acontecer, e calculavam poder obter bons postos, a julgar pelas prerrogativas com as quais o Mestre já antes os distinguira.
Ora, o mais impressionante é que Jesus, em certo sentido, dispõe-Se a atendê-los, concedendo não o que pretendiam, mas muito mais: a felicidade eterna no Céu. Nosso Senhor transferirá o pedido deles da Terra para a glória celeste, dando-lhes “o presente dessa enorme graça que éo amor à Cruz” .6
Nosso Senhor sempre quer nos dar o melhor
38a “Jesus então lhes disse: ‘Vós não sabeis o que pedis”.
Julgam alguns estar neste versículo condenado todo e qualquer desejo de proeminência, mas não há na resposta de Nosso Senhor base para essa interpretação. Ele dá a entender que os dois irmãos estão pedindo pouca coisa. A natureza humana deles está ávida de glórias mundanas, passageiras, enquanto o Mestre os quer convidar para as celestes, eternas. Por isso, não nega o pedido, cuja verdadeira dimensão eles ignoram. Eles não sabiam o que estavam pedindo porque se equivocavam quanto ao gênero de honra desejado.
Isto mostra que é legítimo aspirar a uma proporcionada grandeza terrena — desde que seja ela útil para a santificação de quem pede e dos outros —, pois, ensina São Tomás que, no tocante aos bens temporais, “o Senhor não proibiu a solicitude necessária, mas a solicitude de sordenada”.7
O cálice da dor
38b “Por acaso podeis beber o cálice que Eu vou beber? Podeis ser batizados com o batismo com que vou ser batizado?”.
A resposta do Redentor denota que os filhos de Zebedeu desconheciam o caminho para chegar até essa glória que ambicionavam. Mas Nosso Senhor queria dá-la no plano sobrenatural: “Em vez de censurar logo de início a ambição dos dois irmãos, Jesus Se empenha em corrigir a ideia falsa que eles têm de sua missão”.8
Bem conhecia nosso Salvador o quanto Ele deveria padecer, por isso menciona o cálice e o batismo de sangue, ambos símbolos do sofrimento.9 E no Horto das Oliveiras chegará a pedir: “Abbá! Pai! Tudo é possível para Ti! Afasta de Mim este cálice! Contudo, não seja o que Eu quero, e sim o que Tu queres” (Mc 14, 36). Assim, Ele pergunta a São Tiago e a São João se estão preparados para beber o cálice que a primeira leitura descreve como sendo da dor, do sofrimento, do drama. E o batismo de sangue corresponderia à Paixão do Cordeiro: “Jesus fala da imersão como se Ele devesse ser mergulhado num abismo de tormentos”.’10

Continua no próximo post

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