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sexta-feira, 5 de outubro de 2012

SALMO 101 - Não apartes de mim o teu rosto

Salmo 101

Senhor, ouve a minha oração e chegue a Ti o meu clamor.
Não apartes de mim o teu rosto; em qualquer dia que me achar atribulado, inclina para mim o teu ouvido. Em qualquer dia que Te invocar, ouve-me prontamente.
Porque os meus dias dissiparam-se como fumo, e os meus ossos se secaram como gravetos.
Fui ferido como o feno, e o meu coração secou-se, porque até me esqueci de comer o meu pão. À força de soltar gemidos, fiquei somente com a pele pegada aos ossos.
Tornei-me semelhante ao pelicano no deserto; tornei-me como a coruja no seu albergue. Velei, e tornei-me como o pássaro solitário no telhado.
Todo o dia me improperavam os meus inimigos, e os que me louvavam conjuravam-se contra mim.
Porque comia a cinza como pão, e misturava a minha bebida com as minhas lágrimas. À vista da tua ira e indignação, porque depois de me teres elevado, me arrojaste.
Os meus dias passaram como a sombra, e eu sequei-me como o feno.
Mas Tu, Senhor, permaneces para sempre, e a memória do teu nome estende-se de geração em geração.
Tu, levantando-Te, terás piedade de Sião, porque é tempo de teres piedade e a hora já chegou.
Porque as suas próprias ruínas são amadas pelos teus servos, e eles olham com ternura aquela terra.
E as nações temerão o Teu nome, Senhor, e todos os reis da Terra respeitarão a tua glória.
Porque o Senhor edificou Sião, e será visto na sua glória. Atendeu à oração dos humildes, e não desprezou a sua prece.
Sejam escritas estas coisas para a geração futura, e o povo que há de ser criado louvará o Senhor.
Porque olhou do alto do seu santuário: o Senhor olhou do Céu sobre a Terra. Para ouvir os gemidos dos encarcerados, para libertar os filhos dos condenados à morte.
A fim de que anunciem em Sião o nome do Senhor, e o seu louvor em Jerusalém.
Quando se juntarem os povos e os reis para servirem ao Senhor.
Disse-lhe na expansão da sua força: manifesta-me o curto número dos meus dias.
Não me chames na metade dos meus dias; os teus anos estendem-se de geração em geração.
No princípio, Senhor, fundaste a Terra, e os céus são a obra das tuas mãos.
Eles perecerão, mas Tu permanecerás; todos eles envelhecerão como um vestido.
E como roupa os mudarás, e serão mudados. Tu, porém, és sempre o mesmo, e os teus anos não terão fim.
Os filhos dos teus servos habitarão, e a sua posteridade será estável para sempre.
Caráter profético do Salmo 101
Esse Salmo me parece profético em certos sentidos da palavra.
De um lado, é a história individual de um pecador que, como os referidos em Salmos anteriores, foi uma boa pessoa, que amava a Deus e por Ele era amada. Em dado momento, esse amigo do Senhor foi ingrato, revoltou-se contra o Altíssimo e pecou. O Criador não contemporizou e o puniu com sua cólera.
O homem, então, sendo flagelado pela ira divina, geme, chora e sente com amargura o mal cometido. Ajoelha-se, implora perdão. Nessa súplica ele registra que Deus o absolveu, e agradece do fundo da alma tal clemência. Não só externa sua gratidão, mas glorifica a Deus, com expressões de particular beleza e, sobretudo, verdadeiras.
Há, também, trechos referentes a Israel, ao fim do mundo e da História. Alguns versículos poderiam ser aplicados à existência do povo judaico, especialmente amado por Deus, que prometera a Abraão uma descendência mais numerosa que as estrelas do céu e as areias da praia. Entretanto, os filhos de Abraão pecaram e Deus se ergueu contra eles, castigando-os. Em vários episódios de sua história, nota-se o castigo divino se abatendo sobre o povo que andou mal, como se deu no cativeiro de Babilônia, durante o qual os judeus ficaram reduzidos à escravidão. Em seguida vem o arrependimento, e Deus os ajuda a se libertarem e voltar para Israel.
Quanto ao futuro, entende-se pelas passagens da Escritura que o povo judaico pedirá perdão e este ser-lhe-á concedido de modo tão imenso e profundo que ele se converterá. Quando isso acontecer, será de novo o Povo Eleito, o mais católico e virtuoso da Terra, tornando-se exemplo e motivo de alegria para o mundo inteiro. Até que sobrevenha a grande decadência final e, numa atmosfera de maldade generalizada, surja o Anticristo.
Os homens da fidelidade extrema
Quando isso suceder, as duas testemunhas que terão aparecido na Terra para profetizarem em nome do Senhor, serão mortas, presumivelmente pelo próprio Anticristo, e seus corpos expostos durante três dias e meio em praça pública, causando regozijo em todos os ímpios. E narra o texto sagrado que os iníquos festejarão esse crime, trocando presentes para celebrar a morte desses dois homens de Deus.
No auge de seu poder, o Anticristo talvez queira se proclamar Deus ele próprio e se fazer adorar. Em todo o caso, dirá que é Cristo, mas será uma caricatura do Redentor. O verdadeiro Filho do Altíssimo estará, na aparência, derrotado, contando apenas com um punhado de fiéis... Mas, que fiéis!
Como eu os invejo! Quando o demônio se achar triunfante no píncaro de sua glória, eles permanecerão íntegros, de uma fidelidade extrema, última, absoluta. Serão os homens incontestáveis, incontestados, que tiveram a coragem de contestar e afrontar de peito erguido tudo quanto é mau. E como me compraz a hipótese de que esses derradeiros fiéis sejam, entre outros, membros da obra por nós constituída, sobrevivendo a tudo, até os instantes finais da humanidade!
Ficarão esses autênticos católicos encerrados numa catacumba, conhecendo apenas por reflexos subterrâneos o que se passa na superfície da Terra, ou estarão presentes nos acontecimentos, em meio a mil perigos, vexações, tribulações, formando a coorte que se apresenta ao lado de Nosso Senhor, vaiado, contestado, objeto de toda a espécie de hostilidades?
O certo é que Ele — com um “E” maiúsculo tão imenso que se estende de ponta a outra do universo — não se rebaixará a combater a lesma imunda chamada Anticristo, mas o destruirá com um simples sopro de sua boca.
Com a morte do ímpio, Deus encerrará a História. Os dias da Terra se completaram, deu-se o grandioso Juízo Final, e o tempo cede lugar à eternidade.
O penitente posto à prova por Deus
Tendo em vista essas considerações, passemos a comentar os versículos do Salmo 101, levando em conta que também nós podemos nos comparar a este homem anônimo e misterioso do qual falam os textos sagrados, ditados pelo Divino Espírito Santo a um profeta. Tal pessoa havia sido boa, amiga do Criador, mas em determinado momento — oh! lástima, da parte de quantos de nós isto é verdade! — prevaricou e ofendeu a Deus. Compreendendo a situação em que se pôs, arrepende-se e dirige aos Céus a sua súplica.
Continua no próximo post.

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