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quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Comentários ao Evangelho XXXII Domingo do Tempo Comum Ano B Mc 12, 38-44

Fazer o bem por ostentação
41 “Jesus estava sentado no Templo, diante d0 cofre das esmolas, e observava como a multidão depositava suas moedas no cofre. Muitos ricos depositavam grandes quantias”.
Ao exemplo dado sobre o comportamento dos legistas, Nosso Senhor vai contrapor a cena que se segue. Existiam no Templo treze cofres para o depósito de esmolas. “O gazofilácio, ou tesouro do Templo”, informa-nos o padre Tuya, “estava situado no átrio das mulheres. Provavelmente havia várias câmaras para a conservação desses tesouros. Na parte anterior, segundo a Mishna, havia treze alçapões em forma de trombeta, de abertura muito grande no exterior, por onde se atiravam as oferendas”.3
Naquela pequena sociedade — ao contrário dos aglomerados de pessoas anônimas das grandes cidades modernas — todos se conheciam e, portanto, quem dava esmolas muito atraía a atenção.
Lembremos também que naquele tempo não existia o papel-moeda, mas apenas as peças cunhadas em metal nobre como o ouro e a prata, ou em metais de menor valor. Assim, esses cofres favoreciam muito o desejo de ostentação. Quem possuía grande fortuna podia com facilidade despejar neles enormes quantidades de moedas, de maneira aparatosa e barulhenta, alardeando perante os circundantes sua suposta generosidade. Como Nosso Senhor denunciara em outra ocasião (cf. Mt 6, 2), com frequência a ação desses hipócritas era precedida por toques de trombeta que anunciavam a esmola a ser dada. Feito isto, um novo toque indicava a saída do doador. Este se retirava coberto de glória, alvo da admiração das pessoas presentes, que cochichavam elogios.., calculando, sem dúvida, qual o montante depositado no cofre.
Sentado no Templo “diante do cofre das esmolas”, o Divino Mestre observava em silêncio essa cena tão comum para os conhecedores do local.
Um desmedido contraste
42 “Então chegou uma pobre viúva que deu duas pequenas moedas, que não valiam quase nada .
É importante ressaltar o contraste das duas atitudes. Podemos imaginar a viúva, já de certa idade, arrastando os pés, meio curvada pelos achaques do tempo. Segundo o padre Tuya, ela atirou dois “leptos”, o equivalente a dezesseis avos de um denário, ou seja, uma insignificância, pois “o denário era considerado como o salário diário de um trabalhador”.4
Comparado com o espalhafatoso barulho das moedas lançadas pelos ricos, reduzia-se a quase nada o leve ruído produzido pelas duas moedinhas da pobre mulher. Sem dúvida, pouca impressão causou nos circunstantes, muito preocupados em calcular o valor aproximado das esmolas que iam sendo depositadas. Como veremos depois, nada mais tinha ela para ofertar, talvez pelo fato de sua antiga fortuna ter sido dilapidada por algum rapinador, segundo a denúncia feita por Jesus pouco antes.
Perante essa cena, Nosso Senhor rompe o silêncio para dela tirar um salutar ensinamento. No próximo post.

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