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domingo, 6 de janeiro de 2013

Evangelho Festa do Batismo do senhor - Ano C - Lc 3,15-16.21-22 - 2013

Comentários ao Evangelho da Festa do batismo do Senhor
O profundo significado do Batismo de Nosso Senhor nas águas do rio Jordão manifesta a meticulosidade do seu amor por nós.
A FESTA DA MANIFESTAÇÃO DA DIVINDADE
Nos primeiros tempos do Cristianismo, até o século IV, a Igreja contemplava três manifestações da divindade de Nosso Senhor, unidas na Solenidade da Epifania — hoje, 6 de janeiro: a adoração dos Reis Magos, o Batismo no Jordão e a conversão da água em vinho nas Bodas de Caná, seu primeiro milagre público. Era essa solenidade considerada a revelação de Jesus à gentilidade, enquanto o Natal era tido como uma festa mais apropriada aos judeus. Se estes últimos aguardavam a vinda de um Messias Homem e assim O receberam no presépio de Belém, os gentios — tal como nos mostra a adoração dos Magos — estavam à espera de um Deus Salvador. Esta mesma divindade que se revelara aos Reis do Oriente tornar-se-á muito mais notória no episódio do Batismo de Cristo, embora já se houvesse dado a conhecer antes, por um pedido de Nossa Senhora, em Caná.
A comemoração dos três fatos em uma só ocasião era muito solene, e até os dias presentes conservamos na Liturgia alguns resquícios destas grandes celebrações. Tal é a Festa do Batismo do Senhor, que hoje recordamos no Evangelho escolhido para encerrar o Tempo de Natal. Esse acontecimento está intimamente ligado à pessoa do Precursor, São João Batista, pois fora ele chamado a preparar as almas para a vinda do Messias, o qual, ao receber o Batismo, iniciava sua vida pública.
Um Batismo de penitência
Naquele tempo, 15 o povo estava na expectativa e todos se perguntavam no seu íntimo se João não seria o Messias.
Infelizmente pouco se conhece a respeito da infância de São João. Por este motivo, apesar de muitos autores afirmarem sua orfandade quando ainda menino, bem como sua misteriosa partida para o deserto (cf. Lc 1, 80), no qual vivera durante uma boa parte dos trinta anos da vida oculta de Nosso Senhor na casa de Nazaré, disso não existe uma confirmação absoluta. O Precursor irrompeu nos acontecimentos, para surpresa de todos, trajando-se de modo diferente dos padrões da época: uma pele de camelo e um cinto rústico.
Seu alimento reduzia-se a gafanhotos e mel silvestre, o que indica ter sido um homem dedicado à penitência. Centenas de anos se haviam passado sem que aparecesse em Israel profeta algum capaz de sacudir o povo. “Faltava entre eles, com efeito, o carisma profético” — afirma São João Crisóstomo —, “e este voltava só agora, depois de séculos. Sua própria maneira de pregar era nova e surpreendente. [...] João falava somente a respeito dos Céus, do reino dos Céus e dos castigos do inferno”.1 Com esta singular forma de pregação ele movia as consciências, contrastando de forma vigorosa com o quadro de apatia e indiferença dos judeus antes de seu surgimento e desagradando ao Sinédrio, fautor de tal situação.
O povo, impressionado com a autoridade moral de São João, logo começou a se perguntar se não seria ele o próprio Messias, tão ansiado pelas almas retas. A resposta negativa do Precursor, meticuloso restituidor em relação a Nosso Senhor Jesus Cristo, foi imediata. A esse respeito comenta Santo Agostinho: “algo de grande é este João, imensa excelência, graça insigne, altíssimo cume. [...) Tanta era a grandeza de João que podia fazer-se passar por Cristo; e assim demonstra sua humildade ao dizer que não o era, podendo ter passado como tal. [...] O mérito maior de João é [...] este ato de humildade” 2
Continua no próximo post

1) SÃO JOÃO CRISÓSTOMO. Homília X, n.5. In: Obras. Homilías sobre el Evangelio de San Mateo (1-45). 2.ed. Madrid: BAC, 2007, v.1, p.191.
2) SANTO AGOSTiNHO. In bannis Evangelium. Tractatus II, n.5; Tractatus IV, n.3; n.6. In: Obras. 2.ed. Madrid: BAC, 1968, v.XIII, p.94; 128; 132.

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