Causa-me assombro como essa fisionomia expressa uma forma de
sofrimento de Nosso Senhor que não me lembro de ter visto representado, de modo
tão preciso e extremo, em nenhum outro crucifixo.
Olhos escancarados e salientes, a tensão de toda a carnatura
da face e a posição do pescoço dão a impressão de algo muito mais aflitivo do
que a dor: é o mal-estar. Um mal-estar terrível, pior do que qualquer padecimento,
inundando completamente a Alma adorável e o sagrado Corpo de Nosso Senhor no
alto da Cruz. Dir-se-ia que, nessa posição e com essa expressão fisionômica, o
Divino Redentor não estava distante de dar o brado sublime que precedeu de
momentos a sua morte: “Meu Deus, meu Deus, por que me abandonastes?” Tudo n’Ele
está prestes a estalar, a desaparecer. O “consummatum est” se aproxima.
Sofrimento indizível, cuja consideração deve nos preparar
para nos unirmos a Jesus, pelos rogos de Maria Santíssima, em nossas dores, em
nossas perplexidades e aflições de espírito, nas horas em que parecemos
sucumbir ao peso da angústia e pensamos estar, nós também, abandonados pela
Providência.
Comentários de Plinio Correa de Oliveira sobre o milagroso crucifixo que se
encontra no altar-mor da Igreja de São Francisco de Assis, em São João del Rey,
MG (foto acima).
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