-->

segunda-feira, 7 de abril de 2014

Evangelho - Domingo de Ramos da Paixão do Senhor - Ano A - Mt 27, 11-54

CONTINUAÇÃO DOS COMENTÁRIOS AO EVANGELHO Mt 27, 11-54  
DOMINGO DE RAMOS - ANO A 
Não devemos colocar nossa esperança no mundo
Assim, a Paixão de nosso Divino Redentor deixa uma lição para nós: aqueles que, por princípios mundanos, têm como ideal obter o aplauso, colocando sua esperança na aprovação dos homens, erram, porque cometem a loucura de escolher para si uma situação instável. Faltando a prática da virtude, facilmente as aclamações se transformam em ódio.
A Paixão do Senhor nos mostra, de maneira eloquente, o quanto é preciso pôr nosso empenho em servi-Lo, pouco nos importando se nos atacam ou nos elogiam, se nos recebem ou nos repudiam, mas, isto sim, se Lhe agradamos com a nossa forma de proceder. Ao sermos batizados nos comprometemos — seja por nós mesmos, seja na pessoa de nossos padrinhos — a renunciar ao demônio, ao mundo e à carne, e ficamos marcados pelo sinal do combate. Não firmamos, em nenhum momento, o propósito de nos apoiarmos no aplauso dos outros. Assim sendo, ao celebrar o Domingo de Ramos devemos nos lembrar dessas promessas de luta, que exigem da nossa parte a determinação de enfrentar todas as batalhas que tais inimigos, por nós rejeitados no Batismo, nos apresentarão. E isso significa, a exemplo de Jesus, aceitar e carregar a cruz depositada sobre nossos ombros pela Providência.
A Cruz: de sinal de ignomínia a símbolo de glória
A Santa Cruz de Nosso Senhor Jesus Cristo! Quando aqueles homens malvados e sem piedade passavam diante d’Ele, crucificado, olhavam-No e diziam: “Se és o Filho de Deus, desce da Cruz!”. “O língua envenenada, palavra de malícia, expressão perversa!” — exclama São Bernardo de Claraval — “[...] Pois, que coerência há em ter de descer, se é Rei de Israel? Não é mais lógico que suba? [...j Ou por outra, por ser Rei de Israel, que não abandone o título do reino, não deponha o cetro aquele Senhor cujo império está sobre seus ombros [...]. Pelo contrário, se desce da Cruz, não salvará ninguém”.5
De fato, a um rei não cabe descer, porém, subir sempre. E foi o que fez Nosso Senhor. Ele não desceu, mas subiu e ressuscitou, conforme nos diz mais uma vez a inspirada voz de São Bernardo: “Se a geração má e adúltera busca ainda um prodígio, não lhe será dado nenhum a não ser o do profeta Jonas: não mai ue descida, mas de ressurreição. [...] Saiu do túmulo fechado Aquele que não quis descer do patíbulo. [...] Por isso, com razão é Ele as primicias dos que ressuscitam, porque de tal modo Se levantou que nunca voltará a cair, tendo já alcançado a imortalidade”.6
Sim, Ele é Rei, e está sentado em seu trono. Que trono é esse? A Cruz, sinal de ignomínia por constituir o pior castigo, o suplício mais horrível daqueles tempos, considerado pelos judeus como “maldição divina” (Dt 21, 23) e pelos romanos como infamante, a tal ponto que não era aplicado a um cidadão do Império, sendo reservado apenas aos escravos e aos criminosos mais abjetos.7 No entanto, tão poderoso é este Rei que, posto nesse pedestal de humilhação, Ele o transforma em trono de glória! Hoje em dia, ostentar a Cruz ao peito é uma honra, e nos admiramos ao vê-la sobre as coroas dos reis, nas grandes condecorações ou no alto das catedrais e dos edifícios eclesiásticos: é a exaltação da Cruz!
Ora, sendo partícipes da vida divina, pela graça, somos chamados a trilhar a mesma do Rei dos reis, ou seja, sem nunca descer, su-bir para chegar ao Céu, cujas portas nos serão abertas, não por nossos méritos, mas pelos de nosso Redentor.

Ao levar nas mãos, hoje, a palma como símbolo de triunfo, devemos crer que no Juízo Final toda a maldade será julgada e, entrando na eternidade, a História ficará bem definida: ou o gozo da visão beatífica ou o fogo que arderá sem nunca se extinguir. Não há terceira possibilidade.

Nenhum comentário: