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terça-feira, 26 de maio de 2015

Evangelho da Solenidade da Santíssima Trindade - Mt 28, 16-20 - Ano B

Continuação dos comentários ao Evangelho da Solenidade da Santíssima Trindade - Mt 28, 16-20 - Ano B
Falsa noção de humildade
Muito se tem insistido ao longo dos séculos sobre esta virtude, da qual Nosso Senhor é o modelo perfeito. As Escrituras estão repletas de conselhos a este propósito(15), e o próprio Divino Mestre recrimina a soberba arrogante do fariseu, estigmatizando-a em parábola, ao final da qual afirma: “quem se exalta será humilhado e quem se humilha será exaltado(16).”
Porém, devido a uma compreensão errônea do que seja a verdadeira humildade, alguns desvios se tornaram freqüentes em nossos tempos, influenciando os gestos, as atitudes e até as vestimentas.
Para exemplificar, tratemos sobre o modo de vestir-se adotado nestas últimas décadas. Parece ser orgulhoso quem usa roupas de acordo com sua categoria, sobretudo quando muito limpas e bem passadas. A despretensão consistiria, então, em ser desalinhado, trajar-se com grande descuido, ter os cabelos desgrenhados, etc.

Ora, São Tomás de Aquino afirma que, muitas vezes, não é por virtude que as pessoas se vestem mal, mas sim por desleixo. Segundo ele, devemos aplicar cuidado e diligência em nossa apresentação pessoal. E cita, a este propósito, uma frase de Santo Agostinho: “Não somente no esplendor e na pompa das coisas materiais pode haver jactância, mas também na sordície lamurienta, e tanto mais perigosamente quanto se apresenta, para nos enganar, com o pretexto de servir a Deus(17).”
O grande escândalo: denunciar o mal
A humildade mal-entendida, levada a seus últimos extremos, desemboca no juízo deturpado de certos contemporâneos nossos que chegam a afirmar ser orgulhoso quem denuncia o mal. Ou, dito de outra forma, o permissivismo moral que hoje alastrou-se por todos os povos e erigiu-se como lei absoluta, só condena um único “escândalo”: delatar o mal.
Mais uma vez, o erro é desmentido pelo próprio Jesus. Ele não deixou de ser humilde quando acusou os fariseus: “Vós tendes por pai o demônio e quereis satisfazer o desejo de vosso pai”, nem quando “dirigindo-se à multidão e a seus discípulos”, vituperou-os com os apodos de hipócritas, insensatos e cegos, sepulcros caiados, raça de víboras18.
Com essa forma de proceder, poderia Jesus não escandalizar? Eis a grande lição que nos dão as premissas do Evangelho de hoje: sejamos humildes de verdade, sem deixar a santidade de vida e de costumes, ainda que esta atitude produza escândalo nos outros. Jamais devemos nos esquecer de nossa condição de filhos de Deus.
III. O Evangelho
Analisemos agora, um a um, os versículos do Evangelho.
16 Os onze discípulos foram para a Galiléia, ao monte que Jesus lhes tinha indicado.
Foram convocados os “onze”, pois o traidor já havia se suicidado. Jesus lhes dissera que os reencontraria na Galiléia(19), porém, a referencia à montanha surge aqui por primeira vez e não se sabe ao certo qual terá sido ela. Alguns autores pensaram tratar-se do Tabor.
17 Quando viram Jesus, prostraram-se diante dele. Ainda assim alguns duvidaram.
O Espírito Santo ainda não havia descido sobre os discípulos conforme estava prometido, pois Jesus não tinha ido ao Pai até aquele momento(20). Por isso, “alguns hesitavam ainda”. Faltava-lhes libertarem-se de uma compreensão muito humana do Messias, que lhes toldou a verdadeira visão até a hora da Ascensão de Jesus ao Céu, levando-os a perguntar-Lhe nessa ocasião: “Senhor, porventura chegou o tempo em que vais restabelecer o Reino de Israel(21)?”

Quantos de nós não sofremos deste mesmo mal? O fixarmos o melhor de nossa atenção exclusivamente nos aspectos comuns e aparentes de nossa existência nos conduz a não discernir Jesus que nos acompanha a cada passo. Hesitamos! A todo momento, Jesus nos chama para d’Ele mais nos acercarmos. Mas se nos deixarmos, por assim dizer, hipnotizar por nossos afazeres, amizades, pertences — enfim, por tudo que nos rodeia — não daremos ouvido à sua voz.
Continua no próximo post

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