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segunda-feira, 19 de setembro de 2011

As pescas milagrosas

A PRIMEIRA PESCA MILAGROSA
Jesus é o Mestre. Ele ensina de maneira insuperável, aproveitando-se dos episódios do dia-a-dia para elevar as almas ao amoroso conhecimento das vias escolhidas para seus eleitos. Aqueles homens estavam habituados aos ofícios e mistérios do mar, e era a partir dessa realidade que o Senhor queria conduzi-los às mais altas paragens da santidade.
No milagre anterior (Lc 5, 1-7), Jesus ordenara o lançamento das redes sem determinar se à esquerda ou à direita, para significar a universalidade da missão da Igreja Militante, a qual deve atingir tanto os bons quanto os maus, até o momento da separação definitiva entre o joio e o trigo. Os peixes foram recolhidos em tal abundância que chegaram a romper as redes, rompimento este, símbolo das heresias que surgiriam no futuro. As barcas quase se afundaram, representação dos riscos tremendos pelos quais, incólume, passaria a Igreja. Estas e outras figuras nos fazem compreender a situação da Igreja durante o curso da História.
Já a pesca do Evangelho de hoje, realizada depois da ressurreição do Senhor, foi por Ele ordenada a fim de nos mostrar o estado da Igreja Triunfante após o Juízo Final.
1 Depois disto, Jesus voltou a mostrar-Se aos seus discípulos, junto do mar de Tiberíades. Mostrou-Se deste modo:
Jesus não mais convivia com os seus, como anteriormente fizera. Por isso o versículo começa com as palavras: “Depois disto”. Já estava em corpo glorioso e, conforme nos ensina São Tomás, Jesus poderia ser ou não visto, dependendo de sua vontade os discípulos O veriam somente se Ele se mostrasse. Esta é a razão teológica pela qual João narra:“Mostrou-Se deste modo”.
2 Estavam juntos Simão Pedro, Tomé, chamado Dídimo, Natanael, que era de Caná da Galiléia, os filhos do Zebedeu e dois outros dos seus discípulos.
Ainda não havia descido sobre eles o Espírito Santo. As aparições de Jesus eram esporádicas. Estavam desocupados e, assim sendo, se juntavam para mutuamente se apoiarem. Eram sete ao todo, número que chama a atenção de alguns autores pelo seu significado de multiplicidade.
3 Simão Pedro disse-lhes: “Vou pescar”. Responderam-lhe: “Nós vamos também contigo”. Partiram e entraram numa barca. Naquela noite nada apanharam.
A noite é o período mais propício para a pesca e, certamente, hábeis e experientes nesse ofício, intuíam um bom êxito naquele empreendimento proposto por Pedro. Bastou ele comunicar seu plano que todos os outros se congregaram naquela aventura, tanto mais que deveriam estar carentes de subsídios para seu dia-a-dia. Pedro, sempre entusiasmado e não menos impetuoso, paulatinamente se havia constituído em propulsor dos Apóstolos.
Deu-se a partida cheia de esperança. Entretanto, com o passar das horas, a constatação da ineficácia de seus esforços fazia-lhes crescer no coração a convicção de quanto dependiam de um auxílio divino.
4 Chegada a manhã, Jesus apresentou-Se na praia, mas os discípulos não conheceram que era Ele.
O senso de observação era rico naquela civilização orgânica. Sem jornal, televisão, cinema ou rádio, as notícias se espalhavam oralmente e, por essa razão, surgiam espectadores da realidade por todas as partes. Assim, tomaram com naturalidade a presença de Jesus na praia, sem reconhecê-Lo de imediato. Aliás, da mesma forma havia procedido o Mestre com os discípulos de Emaús e com Madalena.
5 Jesus disse-lhes: “Rapazes, tendes alguma coisa para comer?” Responderam-Lhe: “Nada”.
Jesus, mesmo ao dirigir-lhes a palavra, voluntariamente não revela sua identidade, quer comunicar-Se com eles de forma exclusivamente humana, quiçá até mesmo modificando o timbre de voz e a expressividade, para não ser reconhecido. Este minúsculo detalhe nos mostra o quanto Jesus pode estar presente junto de nós em nossas actividades quotidianas, sem nós nos darmos conta. Compreenderemos no dia de nosso Juízo a que extremo Ele foi nosso companheiro a cada segundo, observando até nossos pensamentos e desejos.
Neste curto diálogo, Jesus propicia aos sete Apóstolos o sonho com um possível freguês. É curioso notar como, apesar do fracasso noturno, estão dispostos a uma nova tentativa para não perder o hipotético comprador. Assim devemos ser nós em nossos afazeres, sobretudo os apostólicos, ou seja, nunca desanimar. Sempre há uma última chance.

Continua no próximo post...

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