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sexta-feira, 16 de setembro de 2011

A multiplicação dos pães

Nada de grandioso se faz repentinamente”, diz um provérbio latino. O mais excelso de todos os sacramentos, a Eucaristia, deveria ser precedido por belas pré-figuras, numa longa preparação da humanidade através dos séculos. No Antigo Testamento, uma das mais expressivas foi o maná caído do céu para os hebreus, durante os quarenta anos de travessia do deserto, em busca da Terra da Promissão.
No Evangelho da multiplicação dos pães, vemos o Divino Mestre tornar patente seu império sobre esse alimento. Logo a seguir, Ele andará sobre as águas num mar encapelado, com o intuito de deixar evidente o quanto dominava seu próprio corpo. Assim, as premissas para a instituição da Eucaristia iam se fixando nos que o seguiam, sobretudo nas almas dos Apóstolos.
Por outro lado, o rico sabor e a alta qualidade dos pães e peixes distribuídos por Jesus, deixaram a multidão ansiosa por comê-los novamente (12). E quando Jesus disse aos que foram beneficiados pelo milagre: Moisés não vos deu o pão do Céu (...) o pão que desce do Céu e dá vida ao mundo, eles logo Lhe pediram: Senhor, dá-nos sempre deste pão! (13).
É insuperável a didática de Jesus ao iluminar assim a inteligência de seus discípulos, tocar seus corações e mover suas vontades rumo a um ardente desejo da Eucaristia. Método perfeito, tal qual o recomenda São Tomás de Aquino.
Após isso, com soberana autoridade e divina unção, Ele declara: Eu sou o Pão da Vida. Vossos pais comeram o maná no deserto e morreram. Este é o Pão que desceu do Céu para que aquele que dele comer, não morra. Eu sou o Pão Vivo descido do Céu. Quem comer deste Pão viverá eternamente; e o Pão que eu darei é a minha carne para a salvação do mundo.
Quem mais poderia unir a autoridade grandiosa à total simplicidade? Com muita propriedade, assim se expressa Bossuet sobre este aspecto de Jesus: Quem não admiraria a condescendência com que tempera a elevação de sua doutrina? É leite para os meninos e, ao mesmo tempo, pão para os fortes. Vemo-Lo cheio dos mistérios de Deus, mas se percebe que não está possuído como os outros mortais aos quais Deus se comunica: fala disso naturalmente, como tendo nascido nesse segredo e nessa glória; e o que Ele tem sem medida (Jo III, 34), Ele o dá com medida, a fim de que nossa debilidade possa suportá-lo.
Por isso, importa convencermo-nos em nos deixar conduzir pelos ensinamentos de Jesus, pois não quer Ele senão a nossa felicidade eterna e com prodigalidade: Eu vim para que tenham vida, e a tenham abundante”.

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