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segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Comentários ao Evangelho XXX Domingo do Tempo Comum - Ano B - Mc 10, 46-52


Comentários ao Evangelho Mc 10, 46-52 XXX Domingo do Tempo Comum Ano B

46Chegaram a Jericó. Ao sair Jesus de Jericó,  com os seus discípulos e grande multidão,Bartimeu, mendigo cego, filho de Timeu, estava sentado junto ao caminho.  47 Quando ouviu dizer  que era Jesus Nazareno, começou a gritar: “Jesus, Filho de Davi, tem piedade de mim!” 48 Muitos repreendiam-no para que se calasse. Mas ele  cada vez gritava mais forte: “Filho de Davi, tem  piedade de mim!” 49 Jesus, parando, disse: “Chamai-o”. Chamaram o cego, dizendo-lhe: “Tem confiança, levanta-te, Ele te chama”. 50 Ele, lançando fora a capa, levantou- se de um salto e foi ter com Jesus. 51 Tomando Jesus a palavra, disse-lhe: “Que queres que te faça?” O cego respondeu: “Rabboni, que eu veja!” 52 Então Jesus disse-lhe: “Vai, a tua fé de salvou”. No mesmo instante recuperou a vista, e seguia-O no caminho  (Mc 10, 46-52).



O Sacrifício de Cristo Sacerdote

A Liturgia de hoje se apresenta de forma simples, sintética e, entretanto, rica de substância, matizes e significado. A segunda Leitura, por exemplo, nos oferece um elevado mirante para apreciar as maravilhas selecionadas e extraídas da Escritura para o texto deste domingo. Todos os seus versículos se fixam no supremo Sacerdócio de Cristo.


Etimologia da palavra sacerdote
Duas são as origens etimológicas da palavra “sacerdote” (sacerdos, do latim): “sacra dos”, ou seja, quem “dá o sagrado”; ou “sacra dans”, aquele que é ungido com “um dote sagrado”. As duas etimologias são válidas, pois o sacerdote é um embaixador de Deus ante os homens e a estes confere as coisas sagradas, como são a verdadeira doutrina e a caridade; muito mais ainda, diviniza a natureza, comunicando-lhe a graça através dos sacramentos. Ademais, pertence também a ele a função de representar a sociedade em suas relações com Deus. Neste caso, ele oferece a Deus dons (orações, oblações, etc.) e sacrifícios pelos pecados. Nesse ofício de “dar coisas sagradas”, evidentemente se exige de quem o exerce a posse de um poder especial (“sacra dos”). Se esse poder não é comunicado por Deus, não há sacerdócio.
Sacerdócio, sacrifício e redenção
Por outro lado, na obra redentora, Deus quis servir-Se especialmente da via do sacrifício e, por este motivo, a graça de Cristo é sacerdotal. Jesus é Sacerdote enquanto homem, e não enquanto Deus. Esta afirmação é feita por São Paulo, na segunda Leitura de hoje: “Porque todo Sumo Sacerdote escolhido de entre os homens é constituído a favor dos homens, nas coisas concernentes a Deus, para oferecer dons e sacrifícios pelos pecados” (Hb 5, 1).
São inseparáveis as figuras do sacerdócio e do sacrifício. Essa realidade transparece tanto no Novo Testamento quanto no Antigo. Se Deus escolheu a via do sacrifício para operar a Redenção, quis que o Redentor fosse Sacerdote.
Jesus, Sacerdote cheio de compaixão
É ainda São Paulo quem nos ensina: “Tendo, pois, um Sumo Sacerdote que penetrou nos Céus, Jesus, o Filho de Deus, conservemos firme a fé que professamos. Porque não temos um Sumo Sacerdote que não possa compadecer-Se das nossas fraquezas. Pelo contrário, Ele mesmo foi provado em tudo, à nossa semelhança, exceto no pecado” (Hb 4, 14-15).
Além do oferecimento do sacrifício, é também ofício do sacerdote interceder pelo povo, impetrando junto a Deus o auxílio, proteção e perdão necessários. E Jesus, ao ter-Se sentado à direita do Pai, continuamente está intercedendo por nós em sua oração sacerdotal. Manifesta ao Pai seu desejo de nos salvar a todos, apresentando-Lhe, ademais, sua humanidade assumida, a qual por si só constitui já uma oração sacerdotal (1). Cristo quis assumir a humanidade com vistas ao sacrifício da Cruz e, estando ressurrecto no Céu, perpetua o oferecimento de seu holocausto. Essa é uma das diferenças entre o sacerdócio de Cristo e o dos sacerdotes da Antiga Lei, conforme afirma São Paulo: “E isso não foi feito sem juramento. Os outros foram instituídos sacerdotes sem juramento, mas Este o foi com o juramento d’Aquele que disse: ‘O Senhor jurou e não se arrependerá : Tu és sacerdote eternamente’. Por isso mesmo, Jesus tornou-Se o fiador de uma aliança superior.
Além disso, existiram numerosos sacerdotes, porque a morte não permitia que permanecessem. Mas Este, porque permanece eternamente, possui um sacerdócio eterno. Por isso, pode salvar perpetuamente os que por Ele se aproximam de Deus, vivendo sempre para interceder em seu favor” (Hb 7, 20-25).
São Tomás de Aquino levanta outros argumentos de peso para provar a grandeza divina do sacerdócio de Jesus Cristo, demonstrando como n’Ele estão preenchidas todas as condições requeridas para a plenitude do sacerdócio (2).
“Ele sabe ter compaixão dos que estão na ignorância e no erro”, nos diz ainda São Paulo na segunda Leitura de hoje (Hb 5, 2). E qual seriam nosso destino e sorte se, nascendo no pecado e a ele inclinados, não tivéssemos um Sacerdote que, sendo homem, é inteiramente Deus, para oferecer por nós um sacrifício salvífico que nos resgatasse?

Continua nos próximos posts

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