-->

sábado, 26 de janeiro de 2013

Evangelho 4º Domingo do Tempo Comum - Ano C 2013 (Lc 4, 21-30)

Comentários ao Evangelho Lc 4, 21-30 -  4º Domingo do Tempo Comum - Ano C  2013


21 Começou a dizer-lhes: “Hoje se cumpriu este passo da Escritura que acabais de ouvir”. 22 E todos davam testemunho em seu favor, e admiravam-se das palavras de graça que saíam da sua boca, e diziam: “Não é este o filho de José?” 23 Então disse-lhes: “Sem dúvida que vós Me aplicareis este provérbio: ‘Médico, cura-te a ti mesmo’. Todas aquelas grandes coisas que ouvimos dizer que fizeste em Cafarnaum, fá-las também aqui na tua terra”. 24 Depois acrescentou: “Em verdade vos digo que nenhum profeta é bem recebido na sua terra. 25 Em verdade vos digo que muitas viúvas havia em Israel no tempo de Elias, quando foi fechado o céu durante três anos e seis meses e houve uma grande fome por toda a terra; 26 e a nenhuma delas foi mandado Elias, senão a uma mulher viúva de Sarepta, do território de Sidônia. 27 Muitos leprosos havia em Israel no tempo do profeta Eliseu; e nenhum deles foi curado, senão o sírio Naaman”. 28 Todos os que estavam na sinagoga, ouvindo isto, encheram-se de ira. 29 Levantaram-se, lançaram-No fora da cidade, e conduziram-No até ao cume do monte sobre o qual estava edificada a cidade, para O precipitarem. 30 Mas, passando no meio deles, retirou-Se (Lc 4, 21-30).


O dia-a-dia de Jesus em Nazaré

Seria ingenuidade, ou pelo menos pobreza de senso comum, imaginar a vida oculta de Jesus transcorrida num completo isolamento, fechada entre quatro paredes, sem a possibilidade do menor contato com a sociedade ao seu redor. Não pode ter sido assim. A perda e o encontro do Menino Jesus no Templo, o único episódio narrado pelos Evangelhos, traz-nos elementos para suspeitar um convívio normal com os adolescentes de Nazaré.
Anualmente, caravanas partiam das mais variadas regiões em busca da cidade de Davi para, no Templo, participar das festividades.
Agrupavam-se as famílias e deslocavam-se em conjunto para assim melhor se entre-apoiarem. Ademais, sendo os judeus muito comunicativos e amantes da conversa, era uma ocasião para requintar as amizades adquiridas ao longo doano ou dos tempos. É provável que este tenha sido um dos motivos pelos quais Maria e José não se aperceberam, logo no primeiro momento, do desaparecimento do Filho de Deus. Os jovens, que a partir dos doze anos acompanhavam os respectivos pais, também se reuniam para seus entretenimentos, desligados dos adultos. Daí ter sido possível ao Divino Jovem realizar seu sonho de cuidar dos interesses de seu Pai Eterno, na total independência de qualquer outro laço.
Posição de Jesus na diminuta cidade
Nazaré era uma microcidade daqueles tempos e, como sói acontecer em pequenos povoados, todos se conheciam. Aplicando os recursos de nossa imaginação, podemos reconstituir o dia-a-dia de um Menino arquetípico que vive numa circunscrição territorial tão restrita. Jamais Ele deixaria ausente de suas atividades a oração, como também nunca se descuidava das obrigações sob sua responsabilidade. Sempre que possível, apresentava-Se prontamente a seu pai, José, para auxiliá-lo nas tarefas de carpintaria. Sua influência junto aos coetâneos deveria ser a mais penetrante, elevada e sobrenatural possível. Conselheiro insuperável, harmonizava todas as contendas, aplacava as cóleras e vinganças, oferecia-Se para rezar com estes e aqueles, a fim de obterem do Pai celeste seus pródigos favores. Todos O admiravam com profundo respeito, e os pais O tomavam como ponto de referência para incentivar os filhos a serem bons e comportados. “O que dirá o filho de José se souber que você não está andando bem?” Ou: “Veja como o filho de José tem enorme apreço pelos pais. Assim deve ser você, meu filho!” Certamente, estas eram exortações frequentes no âmbito de algumas famílias da pequena Nazaré.
Nessa atmosfera crescia o Menino, contente ao sentir em Si o normal desabrochar de sua sociabilidade. É tal a força desse instinto que um dos maiores sofrimentos para alguém consiste em ver-se repudiado por todos e, em especial, pelos seus mais próximos. Por aí se entende o doloroso abalo de Jesus ao ver-Se rejeitado pelos seus conhecidos de Nazaré.

Continua no próximo post.

Nenhum comentário: