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sexta-feira, 13 de abril de 2012

Evangelho 2º Domingo de Páscoa- ano B Continuação

Jesus lhes dá o Espírito Santo
21 Ele disse-lhes novamente: “A paz esteja convosco. Assim como o Pai Me enviou, também vos envio a vós.”
Jesus deseja-lhes novamente a paz. Ele os quer serenos e confiantes para receberem a grande missão que lhes outorgará. Com a mesma autoridade com a qual o Pai enviou o Filho, este envia seus discípulos. Essa autoridade reside n’Ele enquanto Homem: “Foi-me dado todo o poder no céu e na terra” (Mt 28, 18); e enquanto Deus, Ele a possui por natureza. Os Apóstolos são “enviados”, portanto, possuem um poder por delegação.
... soprou sobre eles e disse-lhes: “Recebei o Espírito Santo”.
A exegese se inclina a interpretar esta passagem no sentido de que Cristo não soprou sobre cada um dos Apóstolos, mas o fez somente de modo genérico, o que era suficiente para todos, incluindo o próprio Tomé, ausente naquele momento.
Como entender a anterior afirmação de Jesus: “A vós convém que Eu vá, porque, se não for, o Paráclito não virá a vós; mas, se for, Eu vo-Lo enviarei” (Jo 16, 7)?
É preciso distinguir entre “enviar” e “dar”. No presente versículo, Jesus “dá” aos Apóstolos o Espírito Santo com o único objetivo — conforme veremos a seguir — de conferir-lhes o poder de perdoar os pecados, um dos vários dons do mesmo Espírito. Em Pentecostes, sim, foi “enviado” sobre Maria e as demais pessoas reunidas no Cenáculo, o Espírito Santo, com seus dons.
A esse propósito diz Santo Agostinho: “O sopro corporal da boca [de Cristo] não foi a substância do Espírito Santo, mas uma conveniente demonstração de que o Espírito Santo não procede somente do Pai, mas também do Filho” (7).
E São Gregório Magno acrescenta: “Por que razão Ele O dá a seus discípulos, primeiro quando ainda está na terra, para depois o enviar do Céu? Porque são dois os preceitos da caridade: o do amor a Deus e o do amor ao próximo. Na terra foi dado o Espírito de amor ao próximo, e do Céu, o Espírito de amor a Deus; (...) porque o amor ao próximo nos ensina como podemos chegar ao amor a Deus” (8).
O Sacramento da Reconciliação
23 “Àqueles a quem perdoardes os pecados, ser-lhes-ão perdoados, àqueles a quem os retiverdes, ser-lhes-ão retidos”.
Quando se realiza uma ordenação sacerdotal, o bispo ordenante profere as palavras desses dois versículos (22 e 23), pelas quais os sacerdotes são constituídos ministros do Sacramento da Penitência e juízes dos pecados, com a faculdade de retê-los ou de perdoá-los. Ministério de indizível elevação, mas que exige luzes, prudência, pureza de coração e, sobretudo, zelo pelas almas. “Noblesse oblige!”, dizem os franceses. E isso a tal ponto que São João Crisóstomo chega a opinar: “Um sacerdote que levasse uma vida bem ordenada, mas não cuidasse com diligência da dos outros, seria condenado com os réprobos” (9).
Por outro lado, esse ministério pervade de consolação o coração dos fiéis, pois, apesar de tornar-lhes necessária a confissão, confere-lhes a certeza do perdão. E mesmo se retiver algum pecado, o sacerdote assim procederá para melhor proveito do penitente, quando, de futuro, este se vir perdoado. Nós hoje tomamos com naturalidade essa incomensurável dádiva de termos à disposição nossa o Sacramento da Reconciliação, mas é ele tão extraordinário que nossa limitada inteligência não alcança circundá-lo inteiramente.
O apóstolo incrédulo
24 Tomé, um dos doze, chamado Dídimo, não estava com eles quando veio Jesus. 25 Os outros discípulos disseram-lhe: “Vimos o Senhor!” Mas ele respondeu-lhes: “Se não vir nas suas mãos a abertura dos cravos, se não meter a minha mão no seu lado, não acreditarei”.
Embora não haja uma expressa indicação nos Evangelhos, deduz-se pelos fatos narrados que os Apóstolos se dispersaram durante a Paixão. Ademais, parece que não viviam juntos em Jerusalém até a ordem dada pelo Senhor por ocasião da Ascensão (10). A terrível acusação de violadores do Santo Sepulcro — uma das mais criminosas ações, punida com pesadas penas —, lançada pelo Sinédrio contra eles, levou-os a buscar formas de segurança pessoal, em extremo cautelosas. Por essas razões, reuniam-se somente em ocasiões esporádicas. Em concreto, com São Tomé aconteceu que não procurou os outros e nem soube das notícias sobre as diversas aparições, por puro temor das perseguições. A isso se deve sua ausência durante a primeira aparição de Jesus aos Apóstolos.
Nenhum motivo válido tinha Tomé para não crer em tão numerosas e fidedignas testemunhas. Percebe-se nele uma imaginação fértil acompanhada de robusta obstinação, dificultando-lhe qualquer conclusão, por mais óbvia que fosse. Além disso é preciso notar sua presunção, pois coloca como condição para sua fé: “Se não vir ... se não meter o meu dedo ... e não meter a minha mão”. É uma verdadeira temeridade. Tomé determina quais devem ser os caminhos de Deus, e, se não forem observadas as condições por ele impostas, não crerá. O Senhor deverá render-se à sua vontade.
Continua...

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