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quinta-feira, 19 de abril de 2012

Evangelho 3º Domingo de Páscoa ano B Lc 24,35-48

A continuar
Jesus come para fortalecer-lhes a Fé
41“Mas, estando eles, por causa da alegria, ainda sem querer acreditar e estupefatos, disse-lhes: 42 ‘Tendes alguma coisa que se coma?’ Eles apresentaram-Lhe uma posta de peixe assado. 43 Tendo-o tomado, comeu-o à vista deles”.
Uma prova evidente de estar Jesus entre eles, em corpo e alma, não sendo, portanto, um fantasma, era o fato de Ele comer diante de todos. Esta é uma explicação unânime entre os comentaristas; porém, parece ser também que Jesus desejava manifestar de modo especial Sua estima por eles, aceitando algum alimento que Lhe pudessem oferecer.
Sendo glorioso Seu Sagrado Corpo, não tinha Ele nenhuma necessidade de alimentar-Se; entretanto, por pura caridade e divina didática, deseja auxiliá-los, fortalecendo-lhes a virtude da Fé ao comer “à vista deles”. É o que a esse respeito comenta São Cirilo de Alexandria: “Para fortalecer mais ainda sua fé na Ressurreição, pediu-lhes algo para comer. Tratava-se de um pedaço de peixe assado, que Jesus tomou e comeu na presença deles. Não fez isso senão para mostrar com clareza que era Ele mesmo, ressuscitado, Ele que — como antes e durante todo o tempo de Sua Encarnação — comia e bebia com eles”.8
Abriu-lhes o entendimento e o coração
44“Depois disse-lhes: ‘Isto é o que Eu vos dizia quando ainda estava convosco; que era necessário que se cumprisse tudo o que de Mim estava escrito na Lei de Moisés, nos Profetas e nos Salmos’”.
É interessante notar a diferença apontada por Jesus — “quando ainda estava convosco” — entre Seu corpo padecente e, agora, glorioso. No primeiro caso, segundo Ele mesmo afirma, encontrava-Se em meio aos Apóstolos porque as Suas condições físicas possuíam as mesmas características que as dos outros. Após a Ressurreição, porém, já não mais Se acha entre eles, por não estar em carne mortal.
A Lei de Moisés, os Profetas e os Salmos correspondem à divisão das Sagradas Escrituras, conforme o costume hebraico: o Pentateuco, os Profetas e os livros poéticos; entre estes últimos, os Salmos.
45 “Então abriu-lhes o entendimento para compreenderem as Escrituras”.
Face aos acontecimentos tão grandiosos verificados naqueles últimos dias, as revelações feitas anteriormente pelo Divino Mestre retornavam à memória dos Apóstolos com mais colorido e contornos mais definidos. “Quando seus pensamentos se amainaram pelo que Jesus dissera — pois O haviam tocado e Ele tinha comido —, o Senhor abriu-lhes o entendimento para compreenderem ter sido necessário que Ele sofresse cravado na Cruz. Move, portanto, Seus discípulos a recordarem o que lhes havia dito, isto é, que já lhes tinha anunciado Sua Paixão na Cruz, da qual antecipadamente falaram os profetas. Abre-lhes, ademais, os olhos da mente, para que compreendam as antigas profecias”.9
Precisaram eles de um especial auxílio da graça, para entenderem as revelações. “Sem Mim, nada podeis fazer” (Jo 15, 5), afirmara Nosso Senhor. É necessário que o próprio Cristo Jesus nos ajude a interpretar as Sagradas Escrituras: “...o qual ensine como a realidade se ajusta à profecia; mais ainda, nem isto nos basta, é preciso que Ele nos abra os olhos da mente para podermos vê-Lo. É este o sentido próprio da frase grega: ‘Abriu-lhes então as mentes, para que pudessem entender as Escrituras’. Como observa muito bem São Beda, ‘apresentou Seu corpo para ser visto com os olhos e apalpado com as mãos pelos discípulos. Isto não basta: recordou-lhes as Escrituras. Ainda não é suficiente: abriu-lhes as mentes para que entendam o que leem’”.10
“E disse-lhes: ‘Assim está escrito que o Cristo devia padecer e ressuscitar dos mortos ao terceiro dia’ ...”.
São inúmeras as profecias a esse respeito, e certamente eram muito conhecidas pelos Apóstolos. Sobre essa matéria, é riquíssimo o caudal de comentários surgidos da pluma dos Doutores e Padres da Igreja.
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