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terça-feira, 18 de setembro de 2012

Comentário ao Evangelho – XXV Domingo do Tempo Comum Ano B Mc 9, 30-37

Continuação do Comentário ao Evangelho Mc 9, 30-37
30“Tendo partido dali, atravessaram a Galileia. Não queria, porém, que ninguém o soubesse”.
Após descer do monte Tabor e exorcizar um menino possesso, diante de numerosa multidão, Jesus dirigiu-se à Galileia.
Quis fazer a viagem discretamente, só com os mais próximos, porque ao longo do caminho “ensinava os Seus discípulos”.3 O Evangelista deixa aqui transparecer a divina pedagogia de Jesus. Ele instruía os discípulos durante o trajeto, por meio do convívio. Não lhes ensinava a filosofia dos gregos, nem a doutrina dos mestres de Israel. Abria-lhes os segredos de Seu Divino Coração, dava-lhes a conhecer tudo quanto ouvira do Pai (cf. Jo 15, 15).
Jesus prepara os Apóstolos para a provação
Do sublime episódio ocorrido no Tabor — ao qual só assistiram Pedro, Tiago e João —, nada havia transpirado. Entretanto, os outros Apóstolos, vendo aqueles três tão radiantes e cheios de luz, muito provavelmente percebiam que algo de grandioso devia ter acontecido. Sem dúvida, estavam curiosos, talvez aflitos, para saber o que sucedera.
Quiçá pensassem, segundo seus critérios mundanos, que o Senhor tivesse revelado algum ousado plano para a conquista do poder e havia, portanto, necessidade de se guardar rigoroso segredo. A ideia da restauração de um reino temporal que desse aos israelitas um domínio sobre os demais povos estava tão arraigada nos judeus daquele tempo — portanto, também nos seguidores de Jesus —, que após a Ressurreição ainda houve quem Lhe perguntasse: “Senhor, é agora que ides restaurar o reino de Israel?” (At 1, 6).
Aos poucos, pacientemente, o Mestre ia retificando essa visualização mundana e materialista de Seus discípulos. O próprio fato de deslocar-Se com eles sem que ninguém o soubesse correspondia a esse objetivo. Jesus desejava estar a sós com os Apóstolos para formá-los e prepará-los para as difíceis provações futuras.
31“E ensinava os Seus discípulos: ‘O Filho do homem será entregue nas mãos dos homens, e matá-Lo-ão; e ressuscitará três dias depois de Sua morte’”.
Anunciando Sua Paixão e morte, Jesus punha diante dos Doze o amargor da prova e da perseguição.
Ora, “nada repugnava mais aos judeus que a ideia de um Messias sofredor e vítima”, afirma Didon.4 Eles esperavam com avidez a glória, o triunfo de Israel, uma paz e prosperidade de séculos ou até de milênios... Ou seja, aspiravam a uma eternidade de gozo terreno.
Davam-se conta os Apóstolos, sem dúvida, de que Jesus estava criando uma instituição para dar continuidade à Sua Obra. Percebiam também que Ele os ia formando para, em determinado momento, cada qual exercer um importante papel. Continuavam, entretanto, tomados pela ideia equivocada de um reino terreno, e sua preocupação era justamente saber quem ocuparia os altos cargos nessa nova organização.
Assim o assinala Didon, ao comentar as rivalidades que se levantavam entre eles: “Pedro tinha sido designado como chefe; Tiago e João pareciam gozar de certa predileção. Ora, estas preferências manifestas não deixavam de despertar entre os outros algum ciúme e inveja. [...] Daí as disputas azedas, as rivalidades, as ofensas, as feridas de amor próprio”.5
Nesse clima de ambição e de delírio de mando dos Seus discípulos, Nosso Senhor os está pacientemente preparando para não sucumbirem à terrível provação que se aproximava.
Continua no próximo post

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