-->

segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

FESTA DA APRESENTAÇÃO DO SENHOR — 2 DE FEVEREIRO — 2014

CONTINUAÇÃO DOS COMENTÁRIOS À FESTA DA APRESENTAÇÃO DO SENHOR — 2 DE FEVEREIRO — EVANGELHO Lc 2, 22-40
O cumprimento da profecia
Quem poderia imaginar a cena na qual a profecia de Ageu se cumpriria? O Templo na glória de sua inauguração, ou na esperança da hora de sua reconstrução, jamais acolheu alguém mais importante: o próprio Criador Menino, nos braços de sua Mãe, para ser oferecido ao Pai!
Tem Ele já o pleno uso da razão, apesar de ainda tão criança. Quais teriam sido, então, seus pensamentos ao cruzar o portal daquele sagrado edifício? Grande emoção humana num Coração Infante e Sagrado, que ardia em desejo de Se oferecer como vítima expiatória. Já ao ser concebido por obra do Espírito Santo no claustro de sua Mãe, esse ofertório se efetivara. Durante os trinta anos em Nazaré, a vida do Cordeiro de Deus foi uma constante renovação desse ato supremo da entrega de Si próprio em holocausto, que atingiu seu ápice no Calvário. É o que afirma São Paulo: “entrando no mundo, Cristo diz: Não quiseste sacrifício, nem oblação, mas Me formaste um Corpo. [...] Em seguida ajuntou: Eis que venho para fazer a tua vontade. [...] Foi em virtude desta vontade de Deus que temos sido santificados uma vez para sempre, pela oblação do Corpo de Jesus Cristo” (Hb 10, 5.9-10). 
Mas foi quando Simeão, representante do povo judeu, tomou o Cristo nos braços para entregá-Lo ao Pai, que a oferenda ganhou um caráter oficial, O sacerdote se uniu a Cristo nesse momento, ou vice-versa? E um belo problema teológico.
Com inteira propriedade exclama Frei Luís de Granada:
“[Cristo] não só Se oferece aqui como oferenda ao Pai Eterno, mas também, pelas mãos da Virgem, é entregue hoje nos braços da Igreja e de todas as almas fiéis, cujo agente era o Santo Simeão, que representa a pessoa da Igreja. [...1 Que faria Aquela que tinha tais exemplo de generosidade, senão dar-nos o melhor que possuía, que era este celestial tesouro? A autoridade da Santíssima Trindade ratifica essa doação, pois o Pai, por sua autoridade dada na Lei, e por vontade do Filho, que Se ofereceu para nosso remédio, e por inspiração do Espírito Santo, que trouxe Simeão ao Templo, e pelas mãos da Santíssima Virgem, que como verdadeira Mãe possuía este tesouro, nos faz esta firme doação. [...] Correi, pois [...] e aprendei na escola desse Menino como, sendo Deus tão elevado, agradam-Lhe os corações humildes no Céu e na Terra”.1
O ensinamento de Maria Virgem para nós
Quanto à Purificação da Virgem Maria, está ela adstrita à Lei mosaica (cf. Lv 12). Nenhum dos requisitos da Lei precisava cumprir Maria. Entretanto assim procedeu a Mater Ecclesiæ, para, entre outras razões, ensinar-nos com que amor e carinho devemos seguir as leis da Igreja.
Ela fará o oferecimento dos pobres: “um par de rolas ou dois pombinhos”.
“A rola”, dirá São Tomás, “com seu contínuo canto significa a pregação e confissão da Fé; ave casta e solitária, recorda essas duas virtudes. A pomba, mansa e feita de simplicidade, amiga de viver em coletividade, representa a vida ativa; a perfeição, portanto, da comunidade formada por Cristo e seus membros.
“Rolas e pombos com seus gemidos nos falam do suspirar contínuo dos santos pela vida futura. Enquanto a rola solitária significa o gemido da oração secreta, a pomba, animal gregário, geme em público, como a oração da Igreja. Oferecem-se dois animais que simbolizam a Igreja. Oferecem-se dois animais que simbolizam a dupla santidade: a do corpo e a da alma”.2
O famoso Beda,3 anteriormente a São Tomás, já afirmara representar a pomba a candidez, por amar a simplicidade, e a rola, a castidade, porque, se perde sua companheira, não procura outra.
Simeão, varão de fé e de discernimento
25a Em Jerusalém, havia um homem chamado Simeão, o qual era justo e piedoso...
É bem o elogio e a essência correspondentes a um varão santo. São as características de uma ancianidade perfeita.
25b .. .e esperava a consolação do povo de Israel.
É muito adequado o comentário de Santo Ambrósio4 a esse respeito. O velho Simeão não procurava a graça tão só para si; ele a queria para todo o povo. Compreendia, portanto, dessa forma quão mais importante é a graça para a coletividade do que para uma só pessoa. Era um varão conhecedor do papel relevante da opinião pública.
Era um homem de grande fé. Cria nas promessas de Deus. De grande discernimento, pois sabia ser a libertação do pecado o consolo do povo, e não o mero término das opressões estrangeiras.
25c O Espírito Santo estava com ele...

É o que se passa com toda alma em estado de graça. Mas, aqui, São Lucas parece querer indicar algo de mais profundo, ou seja, destacar que se trata de um verdadeiro profeta, conforme melhor transparecerá mais adiante, na promessa recebida e no fato de ter sido guiado ao encontro com Jesus e Maria.
Continua no próximo post

Nenhum comentário: