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terça-feira, 13 de maio de 2014

Evangelho V Domingo da Páscoa – Ano A – Jo 14, 1-12

Continuação dos comentários ao Evangelho V Domingo da Páscoa – Ano A – Jo 14, 1-12
III – “Eu Sou o caminho, a verdade e a vida”
5 Tomé disse-Lhe: “Senhor, nós não sabemos para onde vais; como podemos saber o caminho?”.
Jesus já lhes havia dito em outras ocasiões que retornaria ao Pai, depois de ser entregue ao Sinédrio, ter sido crucificado e ressuscitar, esse seria Seu caminho. Por isso respondeu anteriormente a Pedro: “Para onde Eu vou não podes tu seguir-Me agora, mas seguir-Me-ás depois” (Jo 13, 36). Portanto, os Apóstolos sabiam.
A rusticidade dos Apóstolos
Segundo São João Crisóstomo, Tomé pergunta com todo respeito, movido pelo desejo de dar oportunidade a Jesus para ser mais explícito. Teofilacto nota a diferença de objetivos nas questões postas por Pedro e Tomé. O primeiro queria seguir o Mestre, o outro estava tomado pela insegurança diante da possibilidade de todos eles terem de ingressar em situações de risco. Maldonado é propenso a ver nessa atitude de Tomé uma tácita queixa e uma amorosa repreensão por nunca lhes ter querido dizer abertamente para onde ia 11.
Pode-se também facilmente deduzir dessa pergunta o quanto alguns dos Apóstolos, senão todos, tinham a equívoca idéia de que o Divino Mestre estivesse anunciando uma viagem, acompanhado por eles, semelhante a tantas outras. Essa dedução tem sua forte sustentação em nossas próprias reações, pois inúmeras vezes nos esquecemos dos ensinamentos recebidos, ou até mesmo os conservamos em pura teoria, sem os aplicar aos casos concretos. Na riqueza, olvidamo-nos da obrigação do desprendimento; na pobreza, da virtude da resignação; na doença, do mérito do sofrimento; na glória, da humildade; enfim, em toda e qualquer circunstância, deveríamos viver — e não só conhecer! — em função de nosso fim último, a eternidade.
Retornando à análise da atitude dos discípulos face à afirmação de Jesus, ouçamos o que nos diz o Pe. Manuel de Tuya OP, sobre essa passagem: “Os Apóstolos aparecem com uma grande rusticidade, não compreendendo, como em outras ocasiões, os ensinamentos de Cristo. Anunciando-lhes que vai ao Pai, ao Céu, deviam eles compreender o que já lhes havia dito, de outras formas, tantas vezes: que precisavam aceitar Sua “mensagem” 12.
6 Jesus disse-lhe: “Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida; ninguém vai ao Pai senão por Mim”.
Maldonado procura mostrar quão difícil é entender a razão pela qual Jesus acrescenta a “Verdade” e a “Vida” ao “Caminho”. Quanto a este último, mostra-nos como Cristo é para nós Caminho por Sua doutrina, pela necessária fé que nEle devemos ter para chegar à vida eterna, idem com respeito à imitação dEle, que nos é obrigatória, e por fim, por nos ter Ele — pelos seus méritos — reaberto as portas que nos estavam fechadas 13.
Já Lagrange não concorda com as dificuldades levantadas por Maldonado: Basta que essa verdade e essa vida sejam as do Medianeiro que as possui absolutamente, como seu Pai 14.

E, de fato, não pode mais haver equívoco ou insegurança, pois o Pai é a fonte imutável, eterna e infinita do ser, da vida, do amor, da verdade, etc. É para este fim último que Se dirige o Filho do Homem, não para ser consumido, mas para ser glorificado e, assim, abrir o caminho a todos que dEle viverem e em Sua verdade crerem. Ninguém pode ir ao Pai senão por Seu intermédio. Por isso, comenta-nos Santo Hilário: “Não pode conduzir-nos por lugares extraviados Aquele que é o Caminho, nem enganar-nos com falsas aparências Aquele que é a Verdade, nem abandonar-nos no erro da morte Aquele que é a Vida” 15.
Continua no próximo post.

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