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segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

EVANGELHO DO III DOMINGO DO TEMPO COMUM ANO C 2013 Lc 1, 1-4; 4, 14-21

Continuação dos comentários ao Evangelho do 3º Domingo do tempo Comum Ano C  2013 Lc 1, 1-4; 4, 14-21

Hoje cumpriu-se esta passagem da Escritura que acabais de ouvir
Cristo, o Novo Adão
A fim de avaliarmos a grandiosidade desse episódio, remontemos aos dias iniciais de nossos primeiros pais, no Paraíso terrestre. Deus passeia e conversa com Adão todas as tardes em meio a uma brisa inefável. Possui o primeiro homem a ciência infusa e o dom de integridade, pelo qual nenhum sofrimento o atinge e desta vida passaria à eternidade sem conhecer a morte. Sua ida para o Céu se daria numa apoteose de glória e alegria. Sendo ele o rei da criação, nada escapa ao seu domínio ou governo, nenhum animal ou ser vivente tem forças para desobedecer-lhe.
Além disto, Adão tem em altíssimo grau as virtudes e os dons do Espírito Santo. Nele, os sentimentos, paixões ou movimentos espontâneos harmonizam-se em inteira consonância com a Fé. Ele é um autêntico monumento que sintetiza a magnífica obra da criação. Quanta sabedoria, dignidade e perfeição se reúnem para conferir-lhe a majestade do patriarca e arquétipo de todo um gênero de criaturas destinadas a participarem da visão de Deus e do eterno convívio com a Santíssima Trindade!
E quão trágica é a cena na qual esse varão predileto recebe das mãos de Eva o fruto proibido e o come! Ao presenciá-la — se olhos sobrenaturais tivéssemos — discerniríamos as luzes se retirarem dele, o cetro de seu imperial domínio sobre toda a natureza vivente rolar de sua destra, um mal-estar até físico penetrar no mais íntimo de seu ser.
Em consequência deste ato, Adão foi despojado de todos os privilégios, viu-se objeto da raiva dos animais e aves de rapina, obrigado a excogitar um meio de sobreviver, pois tornara-se um simples mortal. Com seu pecado, abriu uma era de pobreza, cativeiro, cegueira e opressão para todos os seus descendentes. As portas do Céu se fecharam para a humanidade, restando-lhe apenas dois eternos destinos: o limbo, ou o inferno. Além disso, ninguém mais teria uma noção clara de como seria um homem no auge de sua plena perfectibilidade.
Os antigos ainda guardavam na memória relatos dos esplendores da vida de nossos pais no Paraíso, das dádivas perdidas e de quanto a humanidade necessitava de uma redenção. Essa era a perspectiva na qual ainda se encontrava o povo eleito durante os quase trinta anos de existência de Jesus na cidade de Nazaré, em cuja sinagoga se levantou para ler a profecia que n’Ele próprio, leitor, se realizava. Ele, o Novo Adão, restabelecia de forma ainda mais bela e pródiga o plano primeiro de Deus para nós. E o que dizer da pulcritude de seus méritos, virtudes e dons? É Ele o próprio Deus: haveria algo mais a acrescentar?
Diante desse feérico escachoar de graças, mistérios e esperanças atendidas, nós, se ali estivéssemos, imediatamente procuraríamos abraçar a santidade e adoraríamos o Salvador.
E os que lá se encontravam, como reagiram à sublime declaração do Divino Mestre: “Hoje cumpriu-se esta passagem da Escritura que acabais de ouvir”?
Continua no proximo post.

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