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domingo, 20 de janeiro de 2013

EVANGELHO DO III DOMINGO DO TEMPO COMUM ANO C 2013 Lc 1, 1-4; 4, 14-21

CONTINUAÇÃO DOS COMENTÁRIOS AO EVANGELHO DO 3º DOMINGO DO TEMPO COMUM  Lc 1, 1-4; 4, 14-21 ANO C  2013 
TODOS SE ADMIRAVAM DAS PALAVRAS QUE SAÍAM DE SUA BOCA
Jesus é Filho Unigênito de Deus, idêntico ao Pai. Enquanto Deus, podia usar da “força do Espírito” como melhor Lhe aprouvesse. Porém, enquanto homem, permitiu ser tentado após os quarenta dias de jejum e penitência no deserto para, de dentro de nossa natureza, manifestar e fazer brilhar o mistério de sua Encarnação. Por isso “voltou para a Galiléia” e passou a operar os mais variados e maravilhosos milagres, não como fazem os santos, empregando uma força e um poder que não lhes pertencem, mas usando de sua própria onipotência divina. Por esta razão, “sua fama divulgou-se por toda a região circunvizinha” (v. 14). Venceu o tentador e depois passou a manifestar-Se em face de seu povo.
A palavra como meio de Evangelização
Já de início, em sua vida pública, Jesus nos indica um elemento essencial da evangelização: o uso da palavra. “Ensinava nas suas sinagogas...”
Ao longo de toda a História, sempre foi de capital importância para a Religião a pregação sobre as verdades eternas. Essa necessidade tornou-se ainda mais patente ao nascer o Evangelho, estendendo-se até a atualidade, como podemos comprovar pelas palavras de Paulo VI, na Carta Encíclica Ecclesiam Suam, de 6 de agosto de 1964, quando se refere à “suma importância, que a pregação cristã conserva, e hoje desempenha de maneira especial no quadro do apostolado católico (...). Nenhuma forma difusora do pensamento a substitui, nem mesmo as dotadas tecnicamente de extraordinária potência, como são a imprensa e os meios audiovisivos. Apostolado e pregação, equivalem-se em certo sentido. A pregação é o primeiro apostolado. O nosso, Veneráveis Irmãos, é, antes de tudo, ministério da Palavra. (...) Devemos voltar ao estudo, não já da eloquência humana ou da retórica vã, mas sim da arte genuína da palavra sagrada.”
Eloquência maravilhosa, atmosfera de bênção
E qual não deveria ser a maravilhosa eloquência empregada pelo Divino Mestre em suas pregações?
Sendo a Sabedoria Eterna Encarnada, nada havia que Ele não conhecesse ou não soubesse explicar. Todos os acontecimentos e todas as minúcias das Escrituras Lhe eram inteiramente familiares, e por isso discorria sobre qualquer tema não só com aisance, mas também com arte, dignidade e perfeição.
Em consequência, “era aclamado por todos” (Lc 4, 15), “todos davam testemunho em seu favor, e admiravam-se das palavras de graça que saíam de sua boca” (Lc 4, 22). E São João, em outro episódio da vida de Jesus, reproduz estas palavras de admiração: “Nunca homem algum falou como este homem” (7, 46).
Cumprindo à risca os preceitos, Jesus frequentava as reuniões realizadas nas sinagogas, aos sábados, e aproveitava para pregar. “Um dos atos sinagogais consistia na leitura de passagens bíblicas e sua explicação. Depois de ler alguma passagem da Lei, lia-se uma dos profetas. O chefe da sinagoga designava quem deveria fazê-lo. Depois de lida, a mesma pessoa, ou outra, era convidada a comentá-la. Fazia-se a leitura de pé, e a passagem dos profetas, ao menos nessa época, podia ser escolhida livremente. Fazia-se a leitura e explicação de um local elevado.” (3)
Jesus é convidado a fazer a leitura naquele sábado, o primeiro após seu retorno oficial à cidade de Nazaré, e em seguida recebe o livro de Isaías para comentar uma passagem. Como sabemos, os livros estavam escritos em rolos de pergaminho e guardados em um armário, segundo determinada ordem. Jesus, numa simples abertura, encontrou uma linda profecia a respeito do episódio que ocorria exatamente naquele instante.
A cena é ao mesmo tempo grandiosa e simples, comum e inédita. Reportemo-nos ao Antigo Testamento e percorramos os anseios proclamados pelos profetas, os sofrimentos dos patriarcas, as angústias e apuros dos reis e juízes. A humanidade expulsa do Paraíso, numa caminhada de milênios, buscava a verdadeira salvação. A cada passo, as promessas foram sendo renovadas, ora de modo mais claro, ora misterioso, mas a esperança dava a todos os homens de coração reto o elemento essencial para a difícil virtude da perseverança em meio a tantas lutas, cativeiros e perseguições. Quando, afinal, chegaria o tão desejado Messias? É facilmente compreensível que o ambiente psico-religioso, e até mesmo político e social, estivesse já maduro para a revelação de algo que viesse de encontro a séculos e séculos de oração e de anseios: o surgimento do Salvador. Quantas vezes não se perguntaria cada judeu: “Terá chegado o momento?”
Ora, a fama de Jesus havia se espalhado “por toda a região circunvizinha” (v. 14), devido aos inumeráveis milagres prodigalizados por onde passava. Ele, ademais, anunciava uma doutrina nova dotada de potência, preparava para o Reino e convidava o povo à conversão. Uma nova Era despontava no horizonte de todos; cheia de bênção e espiritualidade, para uns, e carregada de expectativa de progresso político-social, para outros.
Procuremos viver a cena que Lucas nos descreve. Deram-lhe o livro do Profeta Isaías. Abrindo-o, Jesus “encontrou o lugar onde estava escrito: ‘O Espírito do Senhor repousou sobre Mim; pelo que Me ungiu para anunciar a boa nova aos pobres; Me enviou para anunciar a redenção dos cativos, e a recuperação da vista aos cegos, a pôr em liberdade os oprimidos, a pregar um ano de graça da parte do Senhor’.” (vv. 17-19)
Não é necessária muita sensibilidade para se perceber que foi criada uma atmosfera de especial bênção, no momento em que Deus feito homem, Jesus, filho de Davi, levantou-se para ler um trecho da Escritura inspirada por Ele mesmo, havia séculos. São Lucas faz notar o ambiente de grande tensão dos ouvintes, à espera do comentário: “Os olhos de todos estavam fixos n’Ele”.
O Evangelista registra apenas uma curta frase desse comentário: “Hoje cumpriu-se esta passagem da Escritura que acabais de ouvir”.

CONTINUA NO PRÓXIMO POST.

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