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segunda-feira, 29 de abril de 2013

EVANGELHO DO VI DOMINGO DA PÁSCOA - ANO C – 2013 Jo 14, 23-29


CONTINUAÇÃO DOS COMENTÁRIOS AO EVANGELHO DO 6º DOMINGO DA PÁSCOA - ANO C – 2013   Jo 14, 23-29


“... e Nós viremos a ele, e faremos nele a nossa morada.”
No Antigo Testamento não se havia chegado a uma clara noção da existência e da atuação das três Pessoas Divinas. De forma transparente e sem margem de dúvidas, esse mistério nos é revelado por Nosso Senhor Jesus Cristo e reafirmado em formulações distintas pelos Apóstolos (5).
No evangelho deste VI domingo da Páscoa, o Redentor faz menção mais uma vez a este admirável mistério ao utilizar a palavra “Nós”. E promete, ao mesmo tempo, estar presente na alma daquele que O ama e cumpre seus preceitos. Assim, dirá São João em sua primeira Epístola: “Deus é caridade, e o que vive na caridade permanece em Deus, e Deus nele” (1Jo 4, 16); e São Paulo aos Coríntios: “Vós sois o templo de Deus vivo” (2Cor 6, 16).
Como pôde Jesus prometer essa vinda sobre aqueles que O amam e guardam a sua palavra, quando na realidade Deus já se encontra presente em todas as suas criaturas?
O Criador, explica-nos São Tomás, “está presente em todas as coisas e no mais íntimo delas (et intime)” (6). Ou mais especificamente: “Deus está presente em todas as coisas por potência, porque tudo está submetido ao seu poder. Está por presença, porque tudo está patente e descoberto a seus olhos. E está por essência, porque atua em todos como causa de seu ser” (7). Em face disso, como entender essa promessa de Jesus?
Nada difícil!
A dependência de todos os seres criados em relação a Deus é absoluta, pois, além de receberem d’Ele a existência, nela são constantemente sustentados em sua natureza. Deus cria e conserva tudo quanto existe, inclusive o demônio, assim como o próprio inferno. Ora, onde age um puro espírito, ali está ele presente. Portanto, Deus está presente em toda parte.
Não é, porém, a essa presença que Jesus faz referência neste versículo, mas sim a uma outra muito superior, exclusiva aos filhos de Deus, e que supõe sempre a graça santificante (estado de graça).
Note-se bem tratar-se aqui de uma presença permanente, pois Jesus fala em estabelecer a morada da Santíssima Trindade na alma que O ama e guarda sua palavra. É uma vinda do Pai e do Filho — e, inseparáveis que são do Espírito Santo, também d’Este — espiritual e íntima, como nos ensina Santo Agostinho: “Vem com seu auxílio, nós com a obediência; vem iluminando-nos, nós contemplando-O; vem enchendo-nos de graças, nós recebendo-as, para que sua visão não seja para nós algo exterior, mas interno, e o tempo de sua morada em nós não seja transitório, mas eterno” (8).
Continua no próximo post.

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