CONTINUAÇÃO DOS COMENTÁRIOS AO EVANGELHO DO 6º DOMINGO DA PÁSCOA - ANO C – 2013 Jo 14, 23-29
Presença íntima de Deus, como Pai e como
Amigo
Com
muita clareza e precisão teológica, o grande teólogo Pe. Antonio Royo Marin,
OP, resume a essência dessa inabitação da Santíssima Trindade na alma do justo,
afirmada por Jesus neste versículo: “Presença
íntima de Deus, uno e trino, como Pai e como Amigo. Este é o fato colossal que
constitui a própria essência da inabitação da Santíssima Trindade na alma
justificada pela graça santificante e pela caridade sobrenatural.
“No cristão, a inabitação equivale à união
hipostática na pessoa de Cristo, se bem que não seja ela, mas sim a graça
santificante, a que nos constitui formalmente filhos adotivos de Deus. A graça
santificante penetra e embebe formalmente nossa alma, divinizando-a. Mas a
divina inabitação é como a encarnação em nossas almas do absolutamente divino:
do próprio ser de Deus tal como é em si mesmo, uno em essência e trino em
pessoas” (9).
Estas
são as maravilhas do universo sobrenatural que nos fazem, através das virtudes
teologais, acompanhar frutuosamente as revelações trazidas à terra pelo Verbo
Encarnado: “para que todos sejam um, como
Tu, Pai, estás em Mim e Eu em Ti, para que também eles, sejam um em Nós (...)
Eu neles e Tu em mim, para que a sua unidade seja perfeita.” (Jo 17, 21 e
23).
Depois
de haver ensinado a grande importância do amor a Deus, ou seja, da perfeita
caridade, nos versículos posteriores, Jesus estimula os discípulos à prática
das duas outras virtudes teologais: a da Fé e a da Esperança.
CONCLUSÃO
A
essa impostação de espírito nos convida o Evangelho de hoje. Jesus não está
visível entre nós, pois, há dois milênios, subiu ao Céu. Entretanto, pelo
sacramento do Batismo e pela ação do Espírito Santo, sua figura se encontra
delineada em nossas almas, convidando-nos a amá-Lo com exclusividade. As graças
nos amparam nesse caminho. Toda a nossa existência gira em torno de dois únicos
amores, pois não há um terceiro: o amor a Deus levado até o esquecimento de si
mesmo, ou o amor a si próprio levado ao esquecimento de Deus.
Qual
desses amores é praticado por nossa era histórica, e quais as conseqüências
correspondentes? Eis uma boa questão para se considerar com toda seriedade por
ocasião da Ascensão do Senhor ao Céu, de onde virá julgar os vivos e os mortos,
ou seja, os que amaram e os que se recusaram a amar.
1)
Obras de San Agustín, BAC, t. VII, p. 568 2) Idem, t. XIV, p. 509 3) Suma
Teológica III, q 1, a 1; Contra Gentes: I. III, c XI, n. 1. 4) São Tomás nos
ensina ser tão eficaz o amor de Deus que chega a infundir o bem na criatura por
Ele amada: “O amor de Deus cria e infunde o bem” (Suma Teológica I, q. 20, a.
2). 5) Veja-se, por exemplo, Mt, 28, 19; 2Cor 13,13; ou IPe 1,2. 6) Suma
Teológica I, q 8, a 1 7) Suma Teológica I, q 8, a 3 8) Santo Agostinho, apud
Catena Áurea. 9) Somos hijos de Dios, BAC — Madri, 1977, pp. 47 e 48.
Nenhum comentário:
Postar um comentário