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terça-feira, 7 de maio de 2013

Evangelho – Solenidade da Ascensão do Senhor – Lc 24, 46-53 – Ano C - 2013


Continuação dos Comentários ao Evangelho – Solenidade da Ascensão do Senhor –  Lc 24, 46-53 – Ano C - 2013
O testemunho dos Apóstolos robustece nossa fé
48 Vós sois as testemunhas destas coisas.
Sim. Nossa fé se robustece pela comprovação ocular dos Apóstolos, dos setenta e dois discípulos e de muitos outros aos quais se fez ver o Salvador depois da Ressurreição. Que vantagens humanas, temporais ou eternas, teriam eles em selar com o próprio sangue fatos que constituem escárnio para seus co-nacionais e loucura para os gentios? Eis um argumento irrefutável a favor da objetividade dos relatos feitos por eles.
Papel da espera, até a vinda do Espírito Santo
49 Eu vou mandar sobre vós o  Prometido por meu Pai. Entretanto, permanecei na cidade  até que sejais revestidos da força do Alto.
Trata-se da Terceira Pessoa da Trindade, que Jesus enviaria, segundo a promessa feita pelo Pai, ou seja, “a força do Alto”. É o Espírito Santo, que procede do amor entre o Pai e o Filho, que descerá sobre eles, a fim de serem n’Ele submersos, penetrados e revestidos por Ele, para, assim transformados, realizarem sua missão de testemunhas. Os Apóstolos “serão preparados com a grande força renovadora e fortalecedora de Pentecostes. Receberão o Espírito Santo, de cujo envio tanto falou o Evangelista João nos discursos da Última Ceia” (12).
A ordem de não saírem de Jerusalém sob qualquer pretexto tinha por objetivo a espera de Pentecostes para começarem a pregar. Entenderam eles que, esse período, deveriam passá-lo em recolhimento, pois é nessas circunstâncias que mais profundamente Ele age.
São João Crisóstomo comenta a esse propósito: “Para não se poder dizer que tinha abandonado os seus para ir manifestar-Se — mais ainda, ostentarSe — aos estranhos, ordenou-lhes Jesus apresentar as provas de sua Ressurreição primeiramente àqueles mesmos que O tinham matado, na cidade onde foi cometido o temerário atentado, pois, se os que haviam crucificado o Senhor davam mostras de crer, ter-se-ia uma grande prova da Ressurreição” (13).
Por outro lado, continua São João Crisóstomo: “Assim como, num exército que se alinha para atacar o inimigo, o general não permite a ninguém sair antes de estarem todos preparados, da mesma forma Jesus não permite a seus Apóstolos saírem a pelejar enquanto não estejam preparados pela vinda do Espírito Santo” (14).
E por qual razão o Espírito Santo não desceu sobre os Apóstolos, de imediato? “Convinha que nossa natureza se apresentasse no Céu e fossem realizadas as alianças, e depois então viesse o Espírito Santo e se celebrassem os eternos júbilos”, opina Teofilacto (15).
A última bênção de Jesus se estende até nós
50 Depois levou-os até junto de  Betânia e, erguendo as mãos,  abençoou-os.
 “O ato de levantar as mãos e os abençoar significa que quem abençoa deve estar ornado de boas e heróicas obras em benefício dos demais; por isso levantou as mãos ao céu”, comenta Orígenes (16).
Jesus procede como os sacerdotes da Antiga Lei, nesse gesto de abençoá-los. O sacerdócio de Cristo tem seu início no próprio momento da Encarnação (cfr. Hb 10, 5-10), mas, se bem tenha tido princípio, jamais terminará, pois é Ele sacerdote in aeternum. A dignidade, ação, virtude e frutos sacerdotais do sacrifício de Cristo estarão diante do Pai eternamente. Por isso, neste momento, sua bênção se estende também sobre nós. Saibamos aproveitá-la, ao contemplar esse último adeus externado por Jesus no alto do Monte das Oliveiras.
Jesus nos preparou o caminho para subirmos ao Céu
51 E enquanto os abençoava, separou-Se deles e era levado para o Céu.
Grandiosa cena e acontecimento inédito. Elias também subia, mas arrebatado num carro de fogo e não pelas próprias forças. Cristo, pelo contrário, “subiu ao Céu pelo seu próprio poder; primeiro pelo poder divino; segundo, pelo poder da alma glorificada que movia o corpo como queria” (17). Os Apóstolos e discípulos já O haviam visto andar sobre as águas, entrar no Cenáculo a portas fechadas, escapar em meio à multidão, mas elevar-Se ao Céu ainda não. Eles não ignoravam para onde partia Nosso Senhor, já haviam ouvido dos lábios do próprio Mestre qual seria seu destino. E com os Apóstolos devemos crer que, por sua Ascensão, Jesus “preparou-nos o caminho para subirmos ao Céu, de acordo com o que Ele mesmo disse: ‘Irei preparar-vos um lugar’, e com as palavras do livro de Miquéias: ‘Subiu, diante deles, Aquele que abre o caminho’. E porque Ele é a nossa cabeça, mister se faz que os membros vão para onde ela se dirigiu. Por isso diz o Evangelho de São João: ‘De tal sorte que lá onde Eu estiver também vós estejais’” (18).
Continua no próximo post.

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