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terça-feira, 20 de agosto de 2013

Evangelho XXI Domingo do Tempo Comum – Lc 13, 22-30 - Ano C - 2013

Continuação dos comentários ao Evangelho 21º Domingo do Tempo Comum -  Lc 13, 22-30– Ano C - 2013
A pena dos sentidos
Ao cometer um pecado grave, a alma manifesta uma aversão a Deus e um apego à criatura. À primeira cabe a pena do dano e à segunda, a dos sentidos.
Consideremos de início o menor dos sofrimentos: a pena dos sentidos.
Difícil é compreender a natureza de um fogo que não necessita de combustível. Fogo “inteligente”, que atinge não só a matéria – sem consumi-la – mas também os próprios espíritos, anjos e almas. Ademais, trata-se de um fogo cuja ação aprisiona, coarcta e mantém as almas, a contra-gosto, num lugar específico. Segundo nos comenta o Pe. Antonio Royo Marin, os horrores que alguém poderia enfrentar num calabouço escuro, sem poder mover-se, seriam nada em comparação com o encontrar- se prisioneiro perpétuo de uma criatura inferior, o fogo, que o tiraniza numa asfixiante e intérmina imobilidade.
Será físico o pranto dos condenados? São Tomás comenta ser analógica a afirmação contida neste versículo, a respeito do “choro”. Afirma ele que, após a ressurreição dos corpos, não poderão os condenados exteriorizar suas dores através das lágrimas, pois os ressuscitados não produzirão nenhum tipo de humor.
Pena do dano
O fato de faltar ao homem a agilidade de um felino – o gato por exemplo – ou a força de um leão, não significa uma privação mas sim uma simples carência, pois não é próprio à nossa natureza possuir essas qualidades. Contudo, o ser paraplégico ou cego, faz-nos sofrer uma verdadeira privação. Ora, fomos criados para Deus, por isso temos sede da felicidade infinita de vê-Lo e amá-Lo tal qual Ele é. E a privação eterna desse gozo, na condição de “expulsos para fora”, constitui o maior de todos os tormentos.
Acrescente-se a isso a exclusão da presença de todos os Anjos e Santos, em especial de Jesus e de Maria, além da perda dos bens sobrenaturais (graças, virtudes e dons) e da glorificação do próprio corpo. O ver nossos conhecidos de outrora na plenitude da felicidade, enquanto nós ardemos de indignação no “choro e ranger de dentes”, aumentará ainda mais um castigo, de si, inimaginável.
Ademais, se todas essas angústias fossem passageiras... Não! Serão eternas, ou seja, não terão fim.
29 Virão muitos do Oriente e do Ocidente, do Norte e do Sul, e se sentarão à mesa do Reino de Deus.
Será também terrível para um precito ver aqueles que viveram em sucessivas e posteriores épocas históricas ingressando no Reino dos Céus, enquanto ele é expulso de Deus para viver, eternamente imóvel, nas chamas do inferno.
MARIA, PORTA DO CÉU
30 Então haverá últimos que serão os primeiros, e primeiros que serão os últimos
Surpreendente será essa inversão de valores, por isso, não devemos jamais nos sentir seguros devido às nossas qualidades, nem pelas graças recebidas, menos ainda pela riqueza que possa estar em nossas mãos. É necessário servir a Deus com ardor e entusiasmo, entrando “pela porta estreita” que bem poderá ser Maria Santíssima.
Não é sem razão que a Ela foi dado o título de Porta do Céu. Estreita porque exige de nós uma confiança robusta em sua proteção maternal. Invoquemo-La em todas as tentações e dificuldades, a fim de comprovarmos a irrefutável realidade de quanto “jamais se ouviu dizer que algum daqueles que têm recorrido à sua proteção maternal, implorado sua assistência, reclamado o seu socorro fosse por Ela desamparado”. E, ao chegarmos ao Céu, rendamos eternas graças aos méritos infinitos de Jesus e às poderosas súplicas de Maria.
1 ) Pe. J. M. LAGRANGE, El Evangelio de Nuestro Señor Jesucristo, Barcelona, 1933, p. 289.
2 ) Denzinger, 211
3 ) Fr. Antonio Royo Marín, Teología de la salvación, BAC, Madrid, 1997, p. 117
4 ) Suma Teológica I, q 23, a.7
5 ) S. Basílio: in Psalm. 1.
6 ) Ver: Jdt 16, 17; Ecli 7, 18- 19; Is 33, 14; Dan 12, 2; Mt 13, 49-50; Mt 25, 41-46; etc. Ver tb. CIC, nº 1.035.
7 ) Fr. Antonio Royo Marín, op. cit., p. 304.
8 ) Op. Cit.

9 ) Cf. S. Tomás, Suma Teológica, Suppl., 97,3

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