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quarta-feira, 26 de março de 2014

Evangelho – IV Domingo da Quaresma – Ano A – Jo 9, 1-41

Continuação dos comentários ao Evangelho – IV Domingo da Quaresma – Domingo Laetare   Jo 9, 1-41


O cerne deste episódio
35 “Jesus soube que o tinham expulsado. Encontrando-o, perguntou-lhe: ‘Acreditas no Filho do Homem?’. 36 Respondeu ele: ‘Quem é, Senhor, para que eu creia nele?’. 37 Jesus disse: ‘Tu O estás vendo; é Aquele que está falando contigo’. Exclamou ele: 38 ‘Eu creio, Senhor!’. E prostrou-se diante de Jesus”.
O objetivo de São João, ao narrar esse episódio, era, sem dúvida, tornar evidente o seguinte ponto: ao ser curado da cegueira, aquele homem recebeu também a crença na divindade de Cristo.
A pergunta do Mestre é formulada com suprema sagacidade. Em diversas ocasiões Ele Se denomina nos Evangelhos como o Filho do Homem. Essa expressão O protegia da malícia dos fariseus, que procuravam pretexto para condená-Lo, pois podia ser interpretada tanto como “o homem que Eu sou”, quanto como uma denominação do Messias.13 No fundo, Ele dava testemunho da sua divindade por meio de um título do qual os fariseus não poderiam tirar proveito para seus insidiosos ataques.
E quando respondeu ao mendigo com as palavras: “Tu O estás vendo”, fazia menção ao duplo benefício que lhe concedera: a visão natural e o dom de crer na sua divindade. Por isso o miraculado proclamou sua fé prosternando-se diante d’Ele, em atitude de adoração, e provavelmente passou a acompanhar os discípulos.
É razoável considerar ter esse milagre concorrido muito para confirmar na fé os próprios Apóstolos e, ademais, lhes haver dado a possibilidade de ponderar o quanto vale mais a conversão espiritual do que a cura da cegueira material.
A leitura do próximo versículo nos fará entender melhor este aspecto da questão.
A verdadeira visão
39 “Então, Jesus disse: ‘Eu vim a este mundo para exercer um julgamento, a fim de que os que não veem, vejam, e os que veem se tornem cegos’”.
Emprega aqui o Divino Mestre o verbo “ver” em dois sentidos: o físico e o espiritual. Santo Agostinho assim comenta essa passagem: “Embora todos, ao nascer, tenhamos contraído o pecado original, nem por isso nascemos cegos; contudo, considerando bem, nascemos cegos nós também. Com efeito, quem não nasceu cego? Cego de coração. Mas o Senhor, que fizera ambas as coisas, os olhos e o coração, curou tanto uns quanto o outro”.14
40 “Alguns fariseus, que estavam com Ele, ouviram isto e Lhe disseram: ‘Porventura, também nós somos cegos?’. 41 Respondeu-lhes Jesus: ‘Se fôsseis cegos, não teríeis culpa; mas como dizeis: ‘Nós vemos’, o vosso pecado permanece’”.
À interpelação de alguns fariseus, Nosso Senhor responde com uma impressionante increpação. Com efeito, se, apesar de todas as obras por Ele realizadas, alguém O considera apenas de modo natural e humano, sem reconhecer sua divindade, esse é, de fato, um cego de alma, um cego de coração. Pelo contrário, quem padece de cegueira corporal, mas, por ação da graça, acredita na divindade do Messias, este foi curado da cegueira espiritual, cura incomparavelmente mais importante que a da cegueira física. Pois, como afirma o Apóstolo, “o que é visível é passageiro, mas o que é invisível é eterno” (II Cor 4, 17).
Essa é a beleza da liturgia de hoje, ao ressaltar a maravilha da visão sobrenatural.
Continua no próximo post

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