CONCLUSÃO DOS COMENTÁRIOS AO EVANGELHO DO V DOMINGO DA QUARESMA - ANO A - Jo 11, 1-45
Ressurreição de Lázaro (vv. 38-45)
Diferentemente
de outros túmulos, este de Lázaro era escavado em rocha não no sentido
horizontal, mas sim, no chão e verticalmente. Para se chegar ao local onde
haviam depositado o corpo de Lázaro, precisava-se descer um bom número de
degraus. Ao redor do sepulcro, estavam todos em forte expectativa, pois os
antecedentes prognosticavam um portentoso acontecimento.
Com
magna autoridade, Jesus ordena, para espanto dos circunstantes: “Tirai a pedra”
. Marta, sempre criteriosa, não resiste em ponderar que o cadáver já estaria em
decomposição depois de quatro dias. “Senhor, ele já cheira mal...” (v. 39).
Magistral a resposta de Jesus: “Não te disse que, se creres, verás a glória de
Deus?” (v. 40).
Belíssima
oração de Nosso Senhor, com o túmulo já aberto, o mau odor ferindo as narinas
dos presentes, a atenção não poderia ser mais intensa. Ele reza não por
necessidade, “mas falei assim por causa do povo que está em volta de Mim, para
que acreditem que Tu me enviaste” (vv. 41-42).
Por um
simples desejo seu, a lápide teria voltado ao nada e Lázaro surgiria à porta do
sepulcro, rejuvenescido, limpíssimo e perfumado. Era, porém, conveniente
constar aos olhos de todos a potência de suas ordens: “bradou em voz forte:
“Lázaro, sai para fora!”
Dois
portentosos milagres se operam, não só o da pura ressurreição. Lázaro estava
atado da cabeça aos pés, impedido de caminhar; entretanto, subiu pela escada
que dava acesso à entrada do túmulo, estando até mesmo com um sudário ao rosto.
Imaginemos a impressionante cena de um defunto subindo degrau por degrau, sem
liberdade de movimentos e sem enxergar, mas já respirando com visíveis sinais
de vida.
“Desligai-o
e deixai-o ir” (v. 44) é a última voz de comando do Divino Taumaturgo.
Nada
mais relata o Evangelista; nenhuma palavra a respeito de Lázaro ou das
manifestações de alegria de suas irmãs; somente a conversão de “muitos dos
judeus que tinham ido visitar Maria e Marta” (v. 45).
Escapa
à Liturgia de hoje a traição de alguns que, certamente indignados, “foram ter
com os fariseus” (v. 46) levando o Sinédrio a decretar sua morte (v. 53),
matéria esta considerada com quanta profundidade ao longo da Semana Santa.
CONCLUSÃO:
UM CONVITE À CONFIANÇA
Aí está
o poder de Cristo manifestado em pleno esplendor para alimentar-nos em nossa
fé. Esta Liturgia nos convida a uma confiança maior que a do centurião romano;
ou seja, é preciso crer em Jesus com um ardor Marial. Se a Santíssima Virgem
estivesse ao lado das irmãs, certamente — além de lhes aconselhar a aguardarem
com paz de alma a chegada de seu Divino Filho — recomendaria a ambas que
procurassem fazer “tudo o que Ele vos disser” (Jo 2, 5). Por maior que sejam os
dramas ou aflições em nossa existência, sigamos o exemplo e a orientação de
Maria, crendo na onipotência de Jesus, compenetrados das palavras de São Paulo:
“Todas as coisas concorrem para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que,
segundo o seu desígnio, foram chamados” (Rm 8, 28).
1) Suma
Teológica III, q 43 a 1.
2 )
Suma Teológica, III q 43, a 4.
3 ) Cf.
Lc 7, 37-50.
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