CONCLUSÃO DOS COMENTÁRIOS AO EVANGELHO 2º DOMINGO DA PÁSCOA – ANO A – Jo 20, 19-31
O testemunho de São João
30 Jesus realizou muitos outros sinais diante dos discípulos que não estão
escritos neste livro. 31 Mas estes foram escritos para que acrediteis que Jesus
é o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, tenhais a vida em seu nome.
São João escreveu seu
Evangelho, que é o último, no fim do primeiro século, muitos anos depois de concluídos
os outros três. Dir-se-ia não ser necessário redigi-lo, porque a história de Jesus
já estava contada nos sinópticos. No entanto, o Discípulo Amado tinha aos seus
cuidados as comunidades cristãs da Asia Menor, nascidas sob o influxo do
apostolado de São Paulo, e compôs o quarto Evangelho com o objetivo de proteger
os fiéis das heresias que começavam a grassar naquela época, criando confusão a
respeito de Jesus Cristo. Sobretudo, visava combater a doutrina gnóstica, que
negava a Encarnação do Verbo, bem como a união hipostática, e considerava
apenas a humanidade de Cristo.7 São João quis corrigir essa visualização humana
— a qual tantas vezes se repetiu ao longo da História —, deixando consignada
uma verdadeira exposição doutrinária sobre a divindade de Jesus. Impossível
seria narrar tudo o que o Divino Mestre fez, pois a vida d’Ele foi um sinal
permanente. Por esta razão, o Evangelista selecionou os episódios mais
adequados à finalidade que tinha em vista, dentre os quais os dois encontros de
Jesus com os discípulos, mencionados neste Evangelho. Com efeito, eles nos
levam a concluir facilmente que Nosso Senhor Jesus Cristo é o Filho de Deus
Vivo e que n’Ele devemos ver mais o lado divino do que o humano.
SOMOS CHAMADOS À BEM-AVENTURANÇA!
Em função de São Tomé, o
Salvador declarou que todos os que O seguissem, a partir de sua Ascensão aos
Céus, precisariam crer na palavra daqueles que Ele escolheu como suas
testemunhas. E há mais ou menos dois mil anos a Igreja vive desta fé. E o que
vemos na cena descrita na primeira leitura (At 2, 42-47), extraída dos Atos dos
Apóstolos. A comunidade dos fiéis nasce pequena, mas dá origem a todas as
demais comunidades, porque “eram perseverantes em ouvir o ensinamento dos
Apóstolos, na comunhão fraterna, na fração do pão e nas orações” (At 2, 42). A
Igreja germina alicerçada nessa fé, a qual constitui um valioso elemento para
mover as almas à conversão e que deve existir entre nós. Se assim for, o
apostolado se fará por si, e seremos meros instrumentos para a atuação do Espírito
Santo.
Tenhamos sempre presente que,
se não nos coube a graça de conviver com Nosso Senhor, nem ver e tocar suas
divinas chagas, nos foi reservada, conforme a afirmação do Divino Mestre, uma
bem-aventurança maior do que a deles: crer na Santa Igreja Católica Apostólica Romana.
Bem se poderiam aplicar a nós as palavras de São Pedro na segunda leitura (I Pd
1, 3-9) deste domingo: “Sem ter visto o Senhor, vós O amais. Sem O ver ainda,
n’Ele acreditais. Isso será para vós fonte de alegria indizível e gloriosa,
pois obtereis aquilo em que acreditais: a vossa salvação” (I Pd 1, 8-9).
1) Cf. GARRIGOU-LAGRANGE, OP, Réginald. L
‘éternelle vie et la profondeur de l’âme. Paris:
Desclée de Brouwer, 1953, p.333.
2) Cf. SAO TOMAS DE AQUINO. Suma
Teológica. I, q.76, al.
3) Cf. SAO TOMAS DE AQUINO. Suma contra
os gentios. L.Ig c.86, n.5.
4) SÃO LEÃO MAGNO. De Resurrectjone
Domini. Sermo I, hom.58 FLXXII, n.5. In: Sermons. Paris: Du Cerf, 1961, vIII,
p.126.
5) SÃO GREGÓRIO MAGNO. Homiliæ in
Evangelia. L,II, hom.6 [XXVII], n.4. In: Obras. Madrid: BAC, 1958, p.663.
6) SÃO GREGÓRIO MAGNO, op. cit., 11.7,
p.665.
7)
Cf. LA POTTERIE, SJ, Ignacio de. La verdad de Jesús. Madrid: BAC, 1979, p.283;
JAUBERT, Annie. El Evangelio
según San Juan. Estella: Verbo Divino, 1987, p.8.
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