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domingo, 4 de maio de 2014

EVANGELHO – IV DOMINGO DA PÁSCOA – Jo 10, 1 - 10 – ANO A

COMENTÁRIOS AO EVANGELHO – IV DOMINGO DA PÁSCOA – Jo 10, 1 - 10 – ANO A
As ovelhas só conhecem a voz do seu pastor
2 “Quem entra pela porta é o pastor das ovelhas. 3 A esse o porteiro abre, e as ovelhas escutam a sua voz; ele chama as ovelhas pelo nome e as conduz para fora. 4 E, depois de fazer sair todas as que são suas, caminha à sua frente, e as ovelhas o seguem, porque conhecem a sua voz. 5 Mas não seguem um estranho, antes fogem dele, porque não conhecem a voz dos estranhos”.
Em certa ocasião, o Autor teve oportunidade de assistir a cenas semelhantes a esta, ficando surpreso ao constatar como, de fato, o pastor conversa com suas ovelhas. Ainda que sejam bastante numerosas, ele as identifica pelo nome, sabe qual é o comportamento de cada uma e distingue as que necessitam de maiores cuidados. Porém, o que mais impressiona é ver como as ovelhas conhecem a voz de quem as apascenta. As vezes, basta um assobio ou um mero gesto para todas se juntarem ao seu redor e permanecerem ali quietas, olhando-o atentas como se estivessem entendendo suas palavras. E quando ele nomeia alguma, esta reage, movimentando-se. Se, pelo contrário, é um estranho que tenta imitar o pastor, elas não lhe dão atenção, O ladrão poderá levar uma ou outra ovelha, mas nunca conseguirá roubar o rebanho inteiro, pois este só se move ao comando do pastor.
A situação descrita por Nosso Senhor nestes versículos ocorria a cada manhãs quando o pastor ia buscar os animais no redil. A tal ponto se criava uma como que intimidade entre o pastor e suas ovelhas, que estas adquiriam certo instinto pelo qual o reconheciam com precisão e, saindo do meio das outras, se colocavam diante dele, que as conduzia para fora. Reunido todo o rebanho, iniciava-se a marcha rumo aos campos, com o pastor sempre à frente, para fazer face aos que pretendessem assaltá-lo.
Tal imagem é lindíssima, e muito apropriada para o Divino Mestre ser compreendido. E, ao longo da História, quantos lobos, ladrões e mercenários vêm tornando esta parábola cada vez mais clara!
Mas eles não entenderam...
6 Jesus contou-lhes esta parábola, mas eles não entenderam o que Ele queria dizer.

Quem ouvia esta pregação de Nosso Senhor? Os fariseus, que não queriam admitir o recente milagre da cura de um cego de nascença (cf. Jo 9, 1-41). Em meio à celeuma provocada, Jesus iniciou este discurso procurando explicar-lhes o porquê de seu divino empenho em fazer o bem. Ele narra a parábola de um modo diferente do que Lhe era habitual, pois, à medida que a compõe, vai aplicando-a a Si. Contudo, para entendê-la era preciso ter fé e o coração aberto à ação do Espírito Santo, o que faltava aos fariseus. Como eram “guias espirituais de Israel, não podiam suspeitar que eles mesmos fossem ‘assaltantes’ espirituais do rebanho”.2
Jesus é a única Porta
7 Então Jesus continuou: “Em verdade, em verdade digo. Eu sou a Porta das ovelhas’.
Embora a figura do pastor seja a mais conhecida desta parábola, Jesus primeiro Se apresenta como Porta do redil. Qual o seu simbolismo? Deus criou Adão em graça e, ao introduzi-lo no Paraíso, sujeitou-o a uma prova: “não comas do fruto da árvore da ciência do bem e do mal; porque no dia em que dele comeres, morrerás” (Gn 2, 17). Bastava ter obedecido ao mandado divino que o homem nunca experimentaria a morte, pois sua alma inocente “possuía uma força dada sobrenaturalmente por Deus, graças à qual podia preservar o corpo de toda corrupção”.3 Sua existência transcorreria feliz naquele local de delícias, “durante todo o tempo de sua vida animal, para ser transferido depois disso ao Céu, quando tivesse obtido a vida espiritual”.4 Em determinado momento a alma passaria a gozar da visão beatífica — em virtude da qual o seu corpo se tornaria glorioso —, dando início ao eterno convívio com Deus. No entanto, com o pecado original o Céu se fechou para toda a humanidade e ninguém entraria jamais nele se não nos tivesse sido outra vez aberto por Nosso Senhor Jesus Cristo, o Cordeiro imolado, o Bom Pastor e a Porta do redil, nossa Páscoa, ou seja, passagem deste mundo para a bem-aventurança. Só aqueles que O aceitarem habitarão nessa sublime morada, porque Ele é o caminho seguro para atingir a perfeição. Sem Ele não há santidade, sem Ele não há salvação.
Continua no próximo post

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