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quinta-feira, 11 de dezembro de 2014

III DOMINGO DO ADVENTO (DOMINGO GAUDETE) – ANO B – Jo I, 6-8. I 9-28

CONCLUSÃO DOS COMENTÁRIOS AO EVANGELHO III DOMINGO DO ADVENTO (DOMINGO GAUDETE) – ANO B – Jo I, 6-8. I 9-28
Declaração do Precursor e chamado à conversão
23 João declarou: “Eu sou a voz que grita no deserto: ‘Aplainai o caminho do Senhor’” — conforme disse o profeta Isaías.
Se as primeiras palavras do Precursor os deixaram desorientados, estas, sem dúvida, intensificaram a perturbação. Eles já temiam pelo fato de a figura de João Batista ter-se projetado em Israel, provocando grande comoção na opinião pública. As multidões iam ouvir a pregação de São João e receber o batismo, e depois se emendavam. Era a graça do Espírito Santo movendo as almas. Ademais, os fariseus conheciam a Escritura e sabiam o significado do oráculo de Isaías (cf. Is 40, 3) — “eu sou a voz que grita no deserto” —, o qual indicava com clareza que antes do aparecimento do Messias alguém se levantaria no deserto para pregar. Ao referi-lo, São João como que dizia, sem que ninguém ousasse contradizê-lo: “Eu sou aquele previsto por Isaías!”. E este Precursor também lhes falava em conversão: “Aplanai o caminho do Senhor”, ou seja, “mudai de mentalida de para recebê-Lo”.
Para os maus, era apenas o começo da aflição...
24 Ora, os que tinham sido enviados pertenciam aos fariseus 25 perguntaram: “Por que então andas batizando, se não és o Messias, nem Elias, nem o Profeta?” 26 João respondeu: “Eu batizo com água: mas no meio de vós está Aquele que vós não conheceis, 27e que vem depois de mim. Eu não mereço desamarrar a correia de suas sandIias”. 28 Isso aconteceu em Betânia, além do Jordão, onde João estava batizando.
Sempre preocupados com os rituais exteriores, os fariseus indagaram a respeito do batismo de João, cientes de que um banho purificador fora predito por vários profetas (cf. Is 1, 16; Ez 36, 25; Zc 13, 1). Que o Messias, Elias ou o Profeta “instituíssem ritos novos, nada tinha de particular; como enviados de Deus, podiam agir conforme suas ordens”.8 Mas se São João não o era, por que batizava? E, novamente, a resposta do Precursor causou perplexidade nos membros da comitiva, pois não a esperavam! E o Espírito Santo que fala pelos lábios e pela voz de São João Batista, para fazer bem aos fariseus. Eles pensavam que São João daria uma explicação justificando, com princípios, o batismo por ele administrado. Porém, para surpresa de todos, ele como que menospreza o próprio batismo, dizendo: Que mal há em batizar com água?
Então, São João Batista se declara Precursor de alguém maior e anuncia que o Messias está entre eles, porque já O tinha batizado, O curioso é que poderiam ter perguntado quem era esse outro, mas não o fazem. Os fariseus têm medo, porque se Ele lhes fosse mostrado, deveriam mudar de vida. Com um Precursor tão exigente, como seria Aquele de quem não merecia sequer desamarrar a correia das sandálias?
O resultado foi uma grande insegurança. Esse “no meio de vós” os incomodava enormemente, porque significava que entre eles se encontrava alguém que era maior do que o que vinha convulsionando o país. Israel era percorrido e penetrado por um espírito novo, que deixava a todos na expectativa. As pessoas se convertiam, choravam seus pecados, batiam no peito e... se esqueciam dos fariseus, dos saduceus e dos escribas. Numa palavra, esse homem atrapalhava, porque pregava uma conversão. Entretanto, acima dele está Aquele outro que é um Senhor incomum, de quem São João Batista dizia que não tinha altura para ser escravo. Estava “no meio deles”, e eles não O conheciam... E ficaram perturbados, enquanto crescia seu ponto de interrogação, por perceberem que o imenso transtorno causado em sua cômoda situação pelo Precursor não passava de um mero tremor, perto do terremoto que ele vinha anunciando...
III - NÃO NOS DEIXEMOS ENGANAR PELA APARENTE ALEGRIA DO PECADO!
De modo bem diferente à incondicional alegria que a vinda do Redentor deveria trazer, eis a correlação entre júbilo e tristeza, euforia e provação, evocada pelo Evangelho deste 39 Domingo do Advento. Enquanto os bons são assistidos pela alegria da esperança, como aconteceu a São João Batista e aos que se converteram ante a perspectiva do aparecimento do Messias, há na alma dos maus tristeza e insatisfação. Cabe ao bom saber interpretar a frustração de quem vive no pecado e não pensar que ele está sendo bem-sucedido. Quando, na segunda leitura (I Tes 5, 16-24), São Paulo exorta “Estai sempre alegres!” (I Tes 5, 16), deseja mostrar que quem se une a Deus, pratica a virtude e trilha o bom caminho, não pode de forma alguma deixar-se tomar pela má tristeza.
O Domingo da Alegria nos revela uma divisão claríssima que caracteriza a humanidade: os bons estão sempre alegres e os maus, por mais que procurem aparentar alegria, vivem na tristeza. Aqueles que estão ligados a Deus têm o contentamento, a segurança e a felicidade de que carece quem se apega às coisas materiais e Lhe dá as costas. Ambos vivem juntos, mas no momento em que o homem que pôs sua esperança no mundo e no pecado vê a alegria verdadeira manifestada pelo bom, ou se converte ou quer matá-lo, tal como fizeram a Nosso Senhor Jesus Cristo.
Peçamos, nesta Liturgia, a graça de viver na alegria da virtude, como sinal de nossa inteira adesão ao Salvador que em breve chegará!
1) TERCEIRO DOMINGO DO ADVENTO. Oração do Dia. In: MISSAL ROMANO. Trad. Portuguesa da 2a. edição típica para o Brasil realizada e publicada pela CNBB com acréscimos aprovados pela Sé Apostólica. 9.ed. São Paulo: Paulus, 2004, p.l3l.
2) Cf. SAO TOMAS DE AQUINO. Suma Teológica. I-II, q.7O, a.3.
3) SÃO TOMÁS DE AQUINO. Super loannem. CI, lect.4.
4) Cf. TUYA, OP, Manuel de. Biblia Comentada. Evangelios. Madrid: BAC, 1964, vV, p.972-973.
5) RICCIOTII, Giuseppe. Vita di Gesù Cristo. 14.ed. Città dei Vaticano: T Poliglotta Vaticana, 1941, p.307-308.
6) SÃO TOMÁS DE AQUINO. Super Ioannem. CI, lect.12.
7) SÃO JOÃO CRISÓSTOMO. Homilía XVI, n.2. In: Homilías sobre el Evangelio de San Juan (1-29). 2.ed. Madrid: Ciudad Nueva, 2001, v.1, p.205.

8) TUYA, op. cit., p.977.

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